domingo, 27 de setembro de 2015

Ese ejército que ves
vago al yelo y al calor,
la república mejor
y más política es
del mundo, en que nadie espere
que ser preferido pueda
por la nobleza que hereda,
sino por la que él adquiere;
porque aquí a la sangre excede
el lugar que uno se hace
y sin mirar cómo nace
se mira cómo procede.
Aquí la necesidad
no es infamia; y si es honrado,
pobre y desnudo un soldado
tiene mayor calidad
que el más galán y lucido;
porque aquí a lo que sospecho,
no adorna el vestido al pecho,
que el pecho adorna al vestido;
Y así, de modestia llenos,
a los más viejos verás,
tratando de ser lo más,
y de parecer lo menos.
Aquí la más principal
hazaña es obedecer,
y el modo cómo ha de ser
es ni pedir ni rehusar.
Aquí, en fin, la cortesía,
el buen trato, la verdad,
la fineza, la lealtad,
el honor, la bizarría;
el crédito, la opinión,
la constancia, la paciencia,
la humildad y la obediencia,
fama, honor y vida son,
caudal de pobres soldados;
que en buena o mala fortuna,
la milicia no es más que una
religión de hombres honrados.

Pedro Calderón de la Barca

Levar a sério os artistas

Em Portugal reina o mau hábito de tratar mal os artistas.
Em décadas recentes junta-se ao mau trato a conversa da treta. Já não chegava não pagar a tempo e horas os salários, deixar definhar nas gavetas dos orçamentos de Estado a Cultura nacional, mas agora ainda fazemos passar os artistas pelas vielas do ridículo.

É ver os telejornais a convidar os esfomeados músicos para virem falar sobre política, as faculdades a aspergir teses sobre as ideologias dos poetas, os comediantes feitos jornalistas e os actores armados em cronistas.
O facto de um pobre coitado conseguir esguelhar um som bestial numas cordas de guitarra, ou sacar umas risadas tremendas, não faz dele um Séneca da actualidade.
Gostamos muito da poesia de Fernando Pessoa, da música de Zeca Afonso e da prosa de Lobo Antunes.

Mas aquilo que estes três publicaram, pensaram ou ladraram em termos de política, sociedade ou história nacional é uma valente merda. No mínimo, risível. No máximo, chocante. No todo, medíocre.

Enquanto escrevo estas linhas, estou a ouvir o álbum Crónicas da Terra Ardente, de Fausto Bordalo Dias. Um lindo álbum.
Contudo, se consultarmos a internet sobre este autor, damos com uma entrevista do autor em que este vomita uma pilha épica de merda sobre temas como economia, política, etc. O respeitado autor deambula febrilmente por entre temas como cidadania e 25 de Abril com a graça de um crocodilo numa maternidade. Não vai ser por isso que vou desistir deste belo álbum - tal como não vou deixar de rever os brilhantes episódios dos Gatos Fedorentos passados na Sic Radical apenas por causa das figuras patéticas de Ricardo Araújo Pereira para criar um híbrido monstruoso entre Jon Stewart, Conan O'Brien e Jay Leno.

Quero com isto dizer que os artistas devem ser afastados da política? Claro que não. Quando fazem da política uma forma de arte, o seu contributo é mais que bem vindo. Basta ver as páginas brilhantes de Almada Negreiros. No restante, deixem a arte valer por si.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Conservador à inglesa, ou A paixão pelo bacon

Meritocracia. Tradição. Civismo.

And lots of pig fucking. Tudo em nome das elites que o mundo demo-liberal precisa.

Flocos de Neve

No último texto divaguei um pouco sobre a temática dos senhores e senhoras que pensam que Portugal é um floco de neve, que não descansam enquanto não provam que este país foi posto neste lugar de propósito pelos deuses para ser abençoado por algum tipo de mistério iniciático redentor. Com isto tudo, não quero dizer que não acredite no plano singular que Portugal ocupa no plano religioso e espiritual. A minha aversão aos indefiníveis, aos pós de pirilimpimpim que tornam todas as coisas boas em névoa indistinta, é para mim a prova de que respeito aquilo que pretendo chamar, talvez erroneamente, manifestação metafísica do meu lar, da minha pátria, das minhas tradições, do legado dos meus antepassados.

Esse legado é material e imaterial, santo e pecador, bom e mau. À volta dele construímos um discurso, uma narrativa, uma História, que legitima as escolhas e caminhos que os antigos tomaram. Esse discurso, contudo, não nos pode afastar da realidade - uma vez que ele mesmo é parte da nossa herança. É uma ferramenta que devemos usar - não uma desculpa para enfiarmos a cabeça na areia, uma cegueira simpática.

Um dos lemas deste blogue, a fazer uma recolha dos vários, seria "Portugal não é na Lua". Este lema não pretende abrir portas ao oportunismo, mas antes um lembrete daquilo que é, para mim, a verdadeira linha de princípios para um pensamento nacional, político, social e espiritual. Queiramos chamar-lhe uma doutrina nacionalista, de direita ou conservadora.

A Sageza e a Inteligência existem para ser postas em prática e partilhadas pelas gentes da Causa. Não para se guardarem ciosa e ciumentamente em caves, garagens e em prateleiras.

Amor é Sacrifício, Sacrifício Eterno e incondicional. A Fortaleza passa por não ceder ao capricho pessoal, à ambição mesquinha, enquanto nos abrimos às inseguranças e medos dos nossos pares e amigos, apenas para os suplantar, transformando-nos num baluarte de firmeza, mas também de ternura.

E este Amor não é nada sem nos inteirarmos das nossas fraquezas, dos nossos limites e dos nossos rivais. Que aquilo que perdemos, que abdicamos, por preguiça, por fraqueza ou porque estamos demasiado ocupados a discutir entre nós e a perseverar na nossa vaidade, vai-nos fazer muita falta, ou pior, vai fazer muita falta àquilo que sobrar dos nossos sucessores.
Que nos sirva de exemplo a Espanha que derrete na Catalunha, porque não faltavam entre os espanhóis aqueles que julgavam que a sua pátria era eterna, que o seu espírito não morreria, que tudo ia acabar bem. Quem não tende os campos vê crescer silvas, depois mato, até se perder a terra que os avós lavraram.
Castigo bem merecido ao falso Aliado que nos virou as costas tantas vezes no último século, conspirando com outros nossos pretensos amigos a nossa anexação. Também a Espanha foi em tempos protectora da Europa e da Cristandade, se calhar mais até do que nós.
Ainda assim, deixou-se abater, como nós, pela Lenda Negra que os países inimigos lhe imputaram, encheu-se de ódio de si mesma e devorou-se. Também em Espanha há aqueles que julgam viver num floco de neve, numa Espanha que plantou universidades no Novo Mundo por filantropia e sentido de civilização. A quem se deve fidelidade porque sim.
Assim, dividida entre os inimigos da terra, que são ao mesmo tempo seus filhos, e os filhos da terra que vivem no mundo da Lua, a Espanha caminha para o seu fim. Fim esse que poderá provar-se a nossa grande oportunidade - tal como a independência da Escócia prova o fim de outro falso amigo e aliado.

Oportunidade para reclamar, com inteligência e com firmeza, para a Nação, a base suficiente da independência efectiva, num cenário de desintegração de velhas fronteiras e, quiçá, da própria União Europeia. Firmeza para os maiores sacrifícios, inteligência para entendermos que, à mínima hesitação ou ao mínimo passo em falso, aquilo que amamos desaparece.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Filosofia Portuguesa?

Não sou suficientemente versado em Filosofia para discutir a fundo a temática da Filosofia Portuguesa, a escola de pensamento de Leonardo Coimbra, Álvaro Ribeiro, Dalila Pereira da Costa, etc. O tempo disponível e as bases que possuo apenas me permitiram fazer algumas abordagens, entre as quais uma leitura à obra de Pedro Sinde "Sete Sábios Portugueses" e, recentemente, algumas leituras no site Homo Viator, que parece especializado neste tipo de pensamento.
De todos os autores da Filosofia Portuguesa, o único que aprecio é Pinharanda Gomes, talvez por se me afigurar como o mais objectivo de todos, talvez pela tendência para a análise histórica.
Das críticas que me parecem importantes tecer a esta escola, saliento as seguintes:

1 - Define como português um tipo de pensamento que é, muitas vezes, a intelectualização de alguns conceitos, como a Saudade, traduzindo-se em exercícios complexos cujo resultado é mais a criação de uma abstracção de Portugal que a descoberta do tipo português.

2 - É admitido por alguns dos seus autores que estas abstracções à volta da Saudade são apenas ferramentas para criar um pensamento português, à imagem do que se passou em França e Alemanha. A que nos opomos, explicitamente nos pontos seguintes.

3 - O pensamento alemão nasceu do habitus da comunidade científica alemã. Não foi uma criação coada e polvilhada em laboratório, como me parece ser a suposta genealogia do pensamento da filosofia portuguesa.

4 - A ser assim, a dita escola da filosofia portuguesa parece-me ser apenas o melhor reflexo da decadência do nosso povo, nomeadamente a obsessão pela auto-definição. Isto admitindo teses decadentistas, que não são de todo o meu forte.

5 - Esta auto-definição é ecuménica, muitas vezes de forma bastante inofensiva e inútil (como é visível nas conversas vadias de Agostinho da Silva) mas ao mesmo tempo selectiva. Define-se o fim da Idade Média e dos Descobrimentos como o início da decadência de Portugal. Está por escrever literatura no sentido de encontrar uma relação entre a finis patria e o declínio da construção naval a partir do Século de Quinhentos. A Inquisição torna-se sinal da influência de ideais externos e da perversão da cultura nacional, mas define-se o carácter nacional de acordo com uma suposta dicotomia céltico-semita, como a encontramos n'A Arte de Ser Português. Para alguém isto fará sentido.

6 - É uma escola profundamente iniciática, de carácter gnóstico, fixada num milenarismo, o Quinto Império. É, em tudo, afastada da tradição católica e da religião portuguesa. Sustenta-se muitas vezes de paganismos e rituais profanos da nossa tradição popular para justificar os seus pontos. Mais uma vez através de intelectualizações e de conclusões insustentadas. Além de que se fundamenta na leitura jesuítica (que parece ser o caso de Dalila Pereira da Costa) de um autor de claras influências satânicas como é Teixeira de Pascoaes. Por muito cristianizada que se faça a leitura deste último, pergunto-me se não estaremos a descascar demasiado o poeta do Marânus ao procurarmos atenuar o profundo lado diabólico da sua obra.

Concluindo: a filosofia portuguesa parece-me muito pouco portuguesa, mas muito importada em definir um portugal. O milenarismo tosco que move alguns dos sequazes menores possivelmente permitirá que haja um portugal para cada alminha.
Tanto serve para inspirar movimentos new age, mais preocupados em desconstruir Portugal do que noutra coisa, como para preencher a necessidade de "pensamento original" de alguns "fascistóides", ansiosos por deitar ao lixo algumas facetas menos kitsch da cultura portuguesa e ficar apenas com as coisas "giras".Tanto o lixo new-age como o nacionalismo de pacotilha partilham deste defeito, o de criar uma ilusão de que Portugal é um floco de neve especial. Típica não-actividade que assassina a Acção, diga-se.

Porventura, demasiadas conclusões para quem sabe tão pouco. Não é, contudo, por cepticismo teimoso que mantenho ao arrepio os sebastianismos e os "quintimpérios". Haverá, com certeza, muita desinformação, mas não falta de esforço para compreender melhor estes fenómenos. É a minha cabecinha, possivelmente, que não tem grande sensibilidade espiritual.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

últimos redutos

Só posso agradecer a simpática referência de João Marchante.
Comecei a acompanhar o Eternas Saudades do Futuro (que, a ser um espelho da alma do autor, só diz bem do seu carácter) numa fase recente, muito após a longínqua era em que acompanhava a blogosfera nacional com fervor. Ainda não tive o prazer de conhecer o autor pessoalmente, mas não nos faltam conhecidos em comum e comunhão de ideais.
Penso que vivemos em tempos em que a velhinha blogosfera cede, cada vez mais, o seu espaço ao micro ruído dos facebúques e tuíteres. Ficaram os velhos blogues ainda em funções e os cadáveres dos sítios que, tanto tempo passado desde a última actualização, continuam a ser merecedores de visita.
Podemos pensar que a exigência de conteúdo que este tipo de plataformas exige para manutenção resultaram numa internet mais limpa que a dos tempos de hoje. Não é verdade. Havia muito lixo também.
Ainda assim, para quem está desconectado da rede social zuckerbergiana, uma blogosfera selecta é a melhor maneira de fazer alguma eremitagem. Sempre construtiva.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015


Autofagia Mediática

A acompanhar seriamente o périplo da Europa dos 25 Milhões de Desempregados que precisa desesperadamente de manter a força de trabalho e as soluções para todos os refugiados que por lá pararem.

O patronato já se manifestou alegre com a onda de solidariedade. É um começo.
Por outro lado, alojar tamanha migração nos sacrossantos estádios de futebol ou nos terrenos destinados aos festivais de verão poderá levar a reacções contraproducentes. Há que manter satisfeitos os principais fregueses da solidariedade.
Propaganda Portuguesa
Primeira Guerra Mundial

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Dushi Aruba

O papiamento, a língua falada em Aruba, Bonaire Curaçao, é o fruto de uma mistura entre os linguajares de negreiros portugueses, mercadores espanhóis, colonizadores holandeses. piratas ingleses, judeus brasileiros e escravos africanos.
O resultado é um lindo crioulo português na voz doce de Izaline Calister.


Mi pais, ta un lugá chikitu
Ku un historia riku
Pieda, mondi, bientu i laman
Ta mi isla i e ta intresante ku bista impaktante i partinan dañá

I unda ku mi ta…

Mi pais, t'un ku sa di pobresa
atrako i malesa i hende ku tin bia ta molestiá
Ta mi isla i e ta impreshonante
K’un pueblo elegante i un par ku no ke tra’a 

I unda ku mi ta…

Mi ta un tiki preokupá pa mi baranka, mi lugá
Mi no por mira den futuro i mi no sa kon kos lo ta
Ma mi ta resa pidi Dios pa de bes en kuando si e tin un chèns e yuda nos
Djis drecha algun kos i kuida loke ta di nos

Mi pais ta un isla hopi dushi
kaminda mi lombrishi
pa semper ta derá…

Reconciliar

Da leitura de alguns blogues e textos antigos, tropecei alegremente num artigo da Legio Victrix sobre Alain Soral.
Presumivelmente o grande teórico da Terceira Via política dos nossos tempos, Alain Soral quebrou tabus que se tinham cristalizado à volta do pensamento nacionalista e advoga hoje em dia uma doutrina que defenda a direita dos valores e a esquerda do trabalho. Recupera assim uma tradição idiossincrática que foi pujante nos anos 20 século XX e que levou, entre outros exemplos, um sindicalista revolucionário como Sorel a militar numa organização nacionalista e católica como a Action Française.
Em Portugal vemos esse fenómeno na criação da revista Homens Livres, que juntava Seareiros e Integralistas.
Um dos textos reconciliadores de Soral (que fundou o movimento Egalité et Réconciliation) foi o discurso escrito para Le Pen aquando da celebração da vitória de Valmy.
Última vitória festejada em tempos de um monarca Bourbon, foi também o feito militar que legitimou as pretensões dos republicanos que derrubaram pouco depois a monarquia. É assim um símbolo muito importante para todos os quadrantes ideológicos franceses e europeus, descendentes directos do conflito civil, social e espiritual que nasceu da Revolução Francesa. Divide e une nas vitórias e derrotas que se lhe seguiram.
Divide e une também quando pensamos no sangue derramado por patriotas em nome de causas estranhas, mas cuja simpatia não podemos deixar de sentir.
Devo muita da minha sensibilidade para a questão política do nacionalismo aos escritos do Corcunda e ainda concordo, depois de tantos anos, na importância do acervo histórico e religioso para definir esse Bem Comum que é o fim último da comunidade dos homens, consubstanciada na Nação.
O tema da reconciliação é fulcral para a Direita, a meu ver, porque passados duzentos anos desde que as ideias da Revolução nos atingiram, os seus efeitos e as suas consequências impregnaram-se também no nosso código moral.
Tal como qualquer outro povo europeu, os Portugueses são inevitavelmente filhos da Religião de Cristo, mas também da Revolução Francesa. Podemos desprezar as ideias carbonárias dos revolucionários do 5 de Outubro, mas a verdade é que várias gerações de portugueses, muitos deles católicos praticantes e patriotas, lutaram e morreram para defender uma bandeira verde e vermelha. Se a intenção original estava errada, o sacrifício plantado à volta daquele trapo, ao longo das décadas, transformou-o num estandarte tão honrado como qualquer outro.
E não é verdade que vemos, em várias localidades portuguesas, marchar nas procissões religiosas bandeiras de confrarias e associações profissionais laicas que contêm claras simbologias maçónicas, carbonárias, etc.? Criadas por revolucionários nos seus dias, foram-se cristianizando e normalizando com o passar do tempo. Inevitavelmente nacionalizadas, tal como acontece com os corpos de escuteiros e rotários e outros grupos que, há 70 anos atrás, ainda comungavam do seu espírito fundador que seria, para nós, anti-católico e anti-nacional.
E se uma Direita que vise o Bem-Comum e a Vida Boa tem, por direito do acervo histórico da nação, acesso a toda esta riqueza abandonada pela Esquerda, que nos pertence porque o que é nacional é nosso, mesmo na área mais "obscura" das direitas encontramos um património que merece ser pensado.
O grande flagelo do nacionalismo em Portugal é a corruptela do neo-paganismo rácico, esta vontade de ser compatriota de Deus ou primo de alguma divindade que justifique as vaidades fisiológicas. A Antropologia já nos presenteou com provas mais que suficientes para acabarmos com estas tentativas de criar bonsais humanos, para quem o grande fundamento da nação portuguesa é pertencer a uma sub-espécie do grupo caucasóide.

Mas não é verdade que, entre os bens que herdamos, o nosso património genético merece o mesmo carinho e atenção que o restante? As características físicas que nos tornam únicos e reconhecíveis pelos nossos iguais, que permitem que as relações sociais decorram com um à-vontade próprio de quem se identifica nas características exteriores do outro, circunstância tão importante ao diálogo?
Se a esquerda do trabalho nos leva a opor à imigração porque esta não é mais do que o exército de escravos do capitalismo, a direita dos valores traz à baila a necessidade de defendermos não só as prerrogativas sociais e económicas mas também o nosso património espiritual, religioso, histórico e genético. Se isto nos livra da assistência aos refugiados? Não me parece. A nossa cultura, nos fundamento dos seus valores e das suas práticas ancestrais, obriga-nos a estender a mão ao desprotegido.
O que um pensamento de Direita pode e deve ditar é que o estender a mão é uma actividade digna e dignificante, que propõe ajudar a curto prazo e resolver a longo. Não é, como vemos hoje em dia, uma medida de propaganda mediática. Mas haverá força para recriar e revitalizar um pensamento de Direita?
Absolutamente, sim.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

(...) de modo algum somos o porta-voz dos socialistas ou dos republicanos. O oportunismo e a cobardia apodreceram todos os partidos políticos italianos, e nós trazemos-lhes o desinfectante futurista, o ácido corrosivo revolucionário.

Marinetti, Le Futurisme

quarta-feira, 9 de setembro de 2015


Finis Mundi nº8

A blogosfera da área nacional tem andado relativamente desatenta a esta publicação de grande qualidade, apesar de alguns bloggers terem feito boa e merecida publicidade. A minha primeira contribuição veio no número 6, com um artigo intitulado José Acúrsio das Neves: Pensador Líberal ou Político Conservador?, e é com todo o gosto que informo os meus leitores que vou publicar neste número 8 um trabalho sobre a tradição filosófica, política e jurídica europeia: A Grande Casa Europeia – A Idade Média e a Idade Moderna através da perspectiva de Otto Brunner, Julius Evola e Émile Lousse.

Outros autores conhecidos cá da casa e que param muito pelos nossos meios também vão publicar, sendo provável que o leitor já terá ouvido falar de algum deles.
Dos que vão sair neste número, aponto os meus escolhidos para uma leitura que, aposto, merecerá particular atenção:

Os anti-lusófonos e os anti-colonialistas - Renato Epifânio 

António Sardinha e o Integralismo Lusitano, na idealidade do novo século - Daniel Santos Sousa 

O Desafio Europeu Contemporâneo: do Indivíduo para o Grupo. A análise sociobiológica - Filipe Nobre Faria

ausência esporádica

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Os media no aproveitamento político da morte de uma criança - As lágrimas do crocodilo

Se havia dúvidas sobre a verdadeira cor deste novo jornal da direitinha, o último edital d'O Observador acabou de as esclarecer.
O jornalista José Manuel Fernandes junta-se ao coro internacional que visa mais uma vez impressionar as massas pelo apelo a um sentimentalismo pervertido. O aproveitamento político de alguns partidos, movimentos e jornais, tendo em vista amealhar prestígio social ou o avanço de metas políticas, do falecimento do pequeno Aylan.
Não me interpretem mal. Nada magoa mais do que a morte de uma criança inocente, independentemente da sua etnia, credo ou sexo.
O que me ofende é a construção de uma historieta de encantar, com entrevistas à família do falecido, apelos à moralidade pública e todo um aparato choramingas que visa apenas distrair as pessoas do que verdadeiramente interessa.
De onde vem esta guerra na Síria? Quem a começou? Quem a sustenta?
Quais são os principais responsáveis por estas ondas migratórias?
A Europa é acusada de não ter desenvolvido instituições e meios para salvar o pequeno Aylan, mas o que os nossos jornalistas não nos contam é a forma como a Europa apoiou as dissidências e os contrastes que puseram o Norte de África e o Médio Oriente a ferro e fogo. Tudo sob o pretexto da santa Liberdade, mascarando o interesse capitalista da grande finança. Já se vê que o governo a cair sobre a batuta das manifestações "espontâneas" que se segue é o distraído Líbano...
Não falta até a citação do economista bem intencionado. O The Economist ensina-nos que acolher todo o tipo de emigrantes é bom, para rejuvenescer a população europeia. Como se a multiplicação não fosse responsabilidade dos europeus. Qual raça de anjos na terra, servem apenas para pagar, receber e acolher, deixando os frutos do futuro aos outros.
Ou seja, em nome de um hipotética e falível prosperidade material, o fim do nosso património genético, da nossa presença no mundo enquanto povo de características únicas e peculiares. 
Uma Europa transformada numa gigantesca plataforma de emprego, investimento e "empreendedores". Já dizia Marx que o exército de escravos do capitalismo é o imigrante. Exército escravo esse que se vê obrigado, pela instabilidade induzida nos seus países de origem, a reduzir-se à função de substituir geneticamente a população autóctene, mais ciente das suas prerrogativas, agarrados que ainda vão estando a conquistas políticas e a raízes como a tradição ou a religião.

Encontramo-nos perante vários dilemas. Por um lado, as tradições, a espiritualidade e a religião dos europeus obrigam-nos a acolher os indefesos, os doentes, os pobres.
Por outro, o nosso sentido de comunidade e justiça obriga-nos a descobrir, entre nós, os verdadeiros culpados das tempestades que assolaram África e Ásia. Depois, restabelecer nesses países a sua soberania e estabilidade, criando condições para que os refugiados voltem para a terra dos seus antepassados.
Manietados, contudo, por todos os tipos possíveis e imaginários de materialismos, só nos restam as hipóteses dos que pretendem fechar fronteiras a cadeado e os que pretendem escancará-las. Nenhuma delas chega, nenhuma resolve, por si só, o problema. E o problema, mais década menos década, será demasiado grande e visível para ser contido.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves