quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Escolher os Mortos

Nós tecemos, nós tecemos
A tela e a lança
Ali, por onde o estandarte avança
Com os viris combatentes.
Não deixemos
A sua vida escapar-nos
As Valquírias têm o direito
A escolher os Mortos.

"Poema Medieval da Lança", autor anónimo.

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Nós somos os últimos godos
Já não transportamos nenhum tesouro
Transportamos o nosso rei morto
Deitado sobre um caixão feito de lanças de freixo
Para a tão distante ilha de Tule

Poema sobre a morte de Teias, o último rei dos Ostrogodos, morto na batalha do Vesúvio, em 1 de Outubro de 552, autor anónimo.

fonte: A Civilização dos Germanos e dos Vikings, Patrick Louth

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Convite a Concerto (III)

Caros colegas e amigos,

Gostaria de vos deixar deste modo um convite para o concerto de dia 26 de Fevereiro de 2012 a decorrer pelas 16h no Clube Literário do Porto, em que eu e a flautista Rita Azevedo interpretaremos o seguinte programa:

Sonata em Si m - J. S. Bach
Syrinx - Claude Debussy
Sonata para flauta e Piano - Francis Poulenc
Danse de la Chèvre - Artur Honegger
Fantasia Pastoral Húngara - A. F. Doppler

A entrada é livre. Espero poder contar com a vossa presença.

Um abraço,
Filipe Cerqueira.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Quão formosos são teus pés
nas sandálias, ó princesa!
As curvas dos teus quadris
parecem colares, obra de mãos de artista.
O teu umbigo é uma taça re­donda.
Que não falte o vinho doce!
O teu ventre é monte de trigo,
todo cercado de lírios.
Os teus seios são dois filhotes
gémeos de uma gazela;
o teu pescoço, uma torre de mar­fim;
os teus olhos, as piscinas de Hes­bon,
junto às portas de Bat-Rabim;
o teu nariz é como a torre do Lí­bano,
de vigia, voltada para Damasco.
A tua cabeça ergue-se como o Car­melo
e os teus cabelos são como púr­pura;
trazem um rei cativo dos seus laços.
Como és bela, como és desejável,
meu amor, com tais delícias!
Esse teu porte é semelhante à palmeira,
os teus seios são os seus cachos.
Pensei: «Vou subir à palmeira,
vou colher dos seus frutos.»
Sejam os teus seios
como cachos de uvas,
e o hálito da tua boca, perfume de maçãs.
A tua boca bebe o melhor vinho!

Ct. 7, 2-10

Despudorada e inapelavelmente copiado daqui
http://www.facebook.com/nunofariacosta/posts/387517867930502

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pelo caminho dos outros

MCB sobre a nova direcção da Real Associação de Lisboa:
Para quem tem tido a simpatia de acompanhar este meu blogue, o excerto acima bastaria para suscitar um suspiro desiludido. É em atenção aos que aqui tropeçam que escrevo este artigo. Sem comentar demasiado sobre as qualidades morais da nova direcção de uma associação, tenho obviamente que abater sobre o comentário depreciativo dos "integralismos" e os "brasonários".
Resumindo as coisas como elas são, existem dois tipos de monárquicos - os que o são por princípio e os que o são por conclusão. MCB e a malta do Estado Sentido são, com toda a justeza, monárquicos por princípio. Os monárquicos por princípio são aqueles que acreditam que isto da monarquia funciona assim: "Primeiro há que fazer a coisa, depois o nosso povo irá conhecê-la e estimá-la". É mais uma daquelas infantilidades retiradas do contexto de um parágrafo pessoano - logo o poeta mais controverso do último século português - mas parece ser o dogma inquestionável da Causa Real portuguesa. Basta ganhar umas sondagens, convencer uns barões da media a conceder um tempito de antena e depois esperar por uma vitória num referendo prometido. Em poucas palavras, Marketing. Toda a doutrina monárquica das reais associações e dos blogues monárquicos como o Estado Sentido e o Combustões - e os seus seguidores - é profundamente democrática, mas no mau sentido, o da hiper-democracia - é uma mensagem espalhada de forma simplificada, de forma resumida e decorável, incapaz de ser absorvida porque feita para ser degustada como um slogan partidário.

Aquilo que a fantasia integralista preconizava era algo demasiado complicado para a lógica do Marketing. A sua monarquia era uma monarquia por conclusão - quer isto dizer que preconizavam a instrução de uma sociedade fundamentada em princípios morais, solidificados numa aproximação à Doutrina Social da Igreja, de uma moralização do Estado e da Economia, enfim, um trabalho de apostolado social, de contacto pessoal, o exercício de renovar uma Tradição Viva mas esquecida. No fim desse trabalho e dessa missão, à qual seriam chamados todos os portugueses - tanto os do presente como os do passado e do futuro - , a restauração da monarquia seria uma evolução natural. É claro que para os monárquicos por princípio, os monárquicos do Marketing, nada disto faz sentido. A vida, para eles, não passa ao ritmo "brasonado" das tradições quotidianas e familiares - a abordagem integralista não lhes deixa tempo para surpreender as oposições, para maravilhar os seus sequazes com argumentos académicos. O integralismo, a aristocracia, a sociedade fundada em princípios transcendentes, demorará décadas a criar. Implica sacrifícios que não prometem tornar-nos dotados de fama e reconhecimento, sugerem o desaparecimento da individualidade no Bem da Causa, um esforço que exige gerações comprometidas na recuperação do nosso país enquanto entidade colectiva dotada de um fim moral e religioso.

O Marketing monárquico está convencido que algumas sondagens televisivas são a prova definitiva de que "É a Hora!". O mesmo português descomprometido que vota numa sondagem ou até num referendo para instaurar uma monarquia por princípio não o faz por princípio. Fá-lo por capricho de instante, por um momentâneo estado de espírito, pelo desejo de fabricar uma pequena rebelião pessoal contra o actual estado da República. Esse português descomprometido, desembaraçado da ligação transcendente com o estado, é descendente directo do português que não se levantou do sofá para ver a monarquia de 1910 cair redondamente na rua, no brutal dia de 5 de Outubro. Ao mesmo tempo, é a evolução final do português criado naquele fatídico ano de 1820.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Peaceful New World

Com a legalização do aborto, do divórcio e a total sujeição da tradição social aos ímpetos legislativos e à engenharia social do Estado, os Estados comunistas e nacional-socialista eram esplêndidos no que toca à sua baixa taxa de criminalidade. Tudo indica que o novo leviatã capitalista seja exactamente igual. Em que é que isso se opõe ao ideal do conservadorismo social?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ateísmo

mais daqui

Conséquence politique de l’athéisme

- La négation de l’existence de Dieu est l’athéisme individuel et spéculatif,
- la souveraineté du peuple est la négation de la souveraineté de Dieu, l’athéisme politique et social,
- et peut-on croire que l’être qui est la sagesse infinie et l’ordre essentiel, auteur et conservateur de la société humaine, ait abandonné le soin de son ouvrage à la foule ignorante et passionnée, et qu’il puisse approuver que les hommes fassent de la législation, cette plus haute fonction de l’intelligence qu’il leur a donnée, une arène où l’ambition, la cupidité, la jalousie, l’esprit de révolte se livrent un combat acharné trop souvent décidé par le votant le plus incapable ?

La supériorité de la conception chrétienne de la souveraineté

Mais votre Dieu, dira l’athée, en qui vous placez la souveraineté, n’est-il pas aussi une abstraction, un être idéal, création de votre imagination, qu’on ne peut, pas plus que le peuple, voir ou entendre ?

C’est ici que triomphent les doctrines catholiques du christianisme (et c’est ce qui fait sa force, ses bienfaits, disons même sa divinité) (en marge : les payens avaient une idée confuse de cette vérité puisqu’ils réalisaient dans les absurdités de leur mythologie l’idée de leurs dieux et les personnifiaient dans les plus vils animaux et même dans des êtres insensibles).

Le christianisme est la « réalisation » de l’idée abstraite et spéculative de la divinité, la personnification, qu’on me passe ce terme, de Dieu même, qui après avoir fait l’homme à son image, s’est fait lui-même à l’image de l’homme pour être connu, aimé et adoré des hommes.

Il y a 18 siècles que le fils de Dieu, Dieu lui-même, a daigné revêtir la forme humaine, est né, a vécu, a souffert, est mort comme homme, et a conversé longtemps au milieu des hommes. En mémoire de ce grand événement et pour en conserver au monde un perpétuel témoignage, il a laissé sur les autels sa présence réelle d’une manière mystique et sous des apparences sensibles : il a laissé encore dans des livres sacrés le dépôt de ses leçons, règle éternelle de toute morale et de nos devoirs, dans l’histoire de sa vie mortelle le modèle éternel de toutes les vertus, et dans la constitution de la société qu’il a fondée et dont il est le pouvoir suprême, le type de toute constitution naturelle de société.

Ce Dieu fait homme est donc
- celui que les chrétiens reconnaissent pour le vrai souverain,
- le pouvoir de la société,
- l’homme général représentant dans sa personne l’humanité toute entière,
- il est comme il le dit lui-même, le roi des rois,
- celui par lequel les rois règnent et les législateurs rendent des lois justes et sages, per me reges regnant,
- tout pouvoir, dit-il, lui a été donné au ciel et sur la terre,
- nul autre nom que le sien n’a été donné à l’homme pour être sauvé, et à la société pour être heureuse et forte ;
- c’est la pierre fondamentale de l’édifice social contre laquelle tout ce qui se heurte sera brisé,
et c’est ce qu’ont oublié trop souvent les chefs des nations chrétiennes qui n’ont reçu de force que pour protéger la religion, et qui, tout observateurs qu’ils peuvent être de ses préceptes dans leur conduite personnelle, ne la pratiquent jamais mieux que lorsqu’ils la défendent.

C’est ce Dieu fait homme, ce Dieu sauveur, représentant dans sa personne l’humanité toute entière, présent à la société et l’instruisant par ses leçons et ses exemples, c’est enfin le Dieu de la société, c’est sa Providence que nient nos beaux esprits qui pour se donner une apparence de religion admettent comme vérité abstraite et spéculative l’idée d’un Dieu sans application au gouvernement de l’univers et à la conduite des hommes ; déistes qui ne vivent pas assez pour devenir athées parce que leur déisme n’est, même à leur insu, qu’un athéisme déguisé !

Note sur le droit divin

Est-ce ici le droit divin du pouvoir dont les déclamateurs hypocrites ont fait un épouvantail pour les esprits faibles et les ignorants ?

Non assurément, le droit divin tel qu’ils feignent de l’entendre serait la désignation spéciale, faite par Dieu lui-même, d’une famille pour régner sur un peuple, désignation dont on ne trouve d’exemple que pour la famille des rois hébreux d’où devait naître le sauveur du monde ; au lieu que nous ne voyons le droit divin que dans la conformité des lois sociales aux lois naturelles dont Dieu est l’auteur :
dans la religion chrétienne, dit Bossuet, il n’y a aucun lieu, aucune race qu’on soit obligé de conserver à peine de laisser périr la religion et l’alliance.
De l’origine protestante de la souveraineté du peuple

Il est aisé de voir que la fiction de la souveraineté du peuple nous est venue du protestantisme, religion toute en fictions qui n’a ni autel, ni sacrifice, rien de sensible et n’a que des paroles.

Dès qu’il a eu placé le pouvoir religieux dans l’assemblée des fidèles, il a été conduit à placer le pouvoir politique dans la foule des sujets, et après avoir ainsi produit dans les variations infinies de sa doctrine l’anarchie des croyances, il n’a pu qu’enfanter dans sa politique l’anarchie des volontés.

Laissons ici parler sur la souveraineté du peuple le plus profond et le plus éloquent interprète de la religion et de la politique chrétienne catholiques, Bossuet, qui a traité spécialement ces matières dans le Cinquième avertissement aux protestants.

Mais sans encore examiner les conséquences du système, allons à la source et prenons la politique du ministre Jurieu par l’endroit le plus spécieux.
Il s’est imaginé que le peuple est naturellement souverain, ou pour parler comme lui, qu’il possède naturellement la souveraineté, puisqu’il la donne à qui lui plaît.

Or cela est errer dans le principe et ne pas entendre les termes car, à regarder les hommes comme ils sont naturellement, et avant tout gouvernement établi, on ne trouve que l’anarchie ; - - c’est-à-dire dans tous les hommes une liberté farouche et sauvage,
- où chacun peut tout prétendre et en même temps tout contester,
- où tous sont en garde et par conséquent en guerre continuelle contre tous,
- où la raison ne peut rien, parce que chacun appelle raison la passion qui le transporte,
- où le droit même de la nature demeure sans force puisque la raison n’en a point ;
- où par conséquent il n’y a ni propriété, ni domaine, ni bien, ni repos assuré, ni, à vrai dire aucun droit, si ce n’est celui du plus fort, encore ne sait-on jamais qui l’est, puisque chacun tour à tour le peut devenir selon que les passions feront conjurer ensemble plus ou moins de gens ;

savoir si le genre humain a jamais été tout entier dans cet état ou quels peuples y ont été et dans quels endroits ou comment et par quel degré ils en sont sortis, il faudrait pour le décider compter l’infini…

il ne peut y avoir de peuple en cet état, il peut bien y avoir des familles mal gouvernées et mal assurées, il peut bien y avoir une troupe, un amas de monde, une multitude confuse, mais il ne peut y avoir de peuple, parce qu’un peuple suppose déjà quelque chose qui réunisse, quelque conduite réglée et quelque droit établi ce qui n’arrive qu’à ceux qui ont déjà commencé à sortir de cet état malheureux, c’est-à-dire de l’anarchie.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Pode alguém ser quem não é?

no portadaloja

Pode dizer-se que os cantores de intervenção portugueses de então eram todos, mas mesmo todos de esquerda extremista. Nem sequer do PCP eram, na sua maior parte. E dominavam o discurso corrente do modo que se pode ler nas letras das canções. Um disco da Banda do Casaco ( Dos benefícios de um vendido no reino dos bonifácios, de finais de 1974) nem sequer tinha direito ao mesmo tempo de antena daqueloutros. Porquê? Talvez porque António Pinho e Nuno Rodrigues não fossem da esquerda extremada e assim o melhor disco de mpp até hoje anda por aí perdido e quase ninguém o conhece. Preconceito ideológico? Mas é que não tenho a mínima dúvida.
Por isso é legítimo perguntar a José Mário Branco, ainda hoje, em que é que acredita verdadeiramente? Naquele poder popular de armas na mão e canção na algibeira, para matar gente em revolução se preciso fosse?
E espanta-se que o fassismo que sempre denunciam, não deixasse publicar tais letras? Acham porventura que se um grupo ou cantor ou alguém de extrema-direita, o fizessem do modo como aqueles o faziam com apelos directos à violência e à guerra de classes, os deixavam? Acham mesmo?
E agora, se aparecer alguém com os mesmos propósitos o que pensarão e dirão esses paladinos da liberdade de expressão cantada para derrubar o fassismo e impor uma ditadura do proletariado?
Acham tal proposta folclórica ou acreditaram mesmo naquilo que diziam e cantavam? Como cantava então Sérgio Godinho no seu segundo disco, de 1972 ( Prè-Histórias)e - pode alguém ser quem não é?

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Entrevista - I

Com o propósito de dar voz a quem tem algo de importante e interessante a dizer sobre música, seja ela de que estilo for, apresenta-se a primeira de uma série de entrevistas feitas a ermesindenses que tenham algum tipo de actividade relacionada com esta arte. São pessoas que vivem em Ermesinde e que nos dão a sua visão sobre a sua cidade como cidadãos atentos. Mensalmente, tentaremos demonstrar que em Ermesinde vivem, estudam e trabalham pessoas com presente e futuro na música.
Aqui fica.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Húngaros e Portugueses

Castelhanos e Francezes,
Alemães, Venezianos,
Navarros, Aragoneses,
Napolitanos, Inglezes,
Romanos, Cezelianos,
Italianos, Milaneses,
Soyços, e Escorceses,
vimos todos batalhar,
huos com outros se matar,
salvo Ungros e Portugueses.

Estas muy injustas guerras
fazem ho Turco prosperar
nos mares, campos, e serras,
reynos, imperios, e terras
tudo tem a seu mandar,
Sem hos Christãos querer ver,
quanto lançam a perder,
por se nam quererem bem:
nem lembra Ierusalem,
que os Mouros têm em poder.

Garcia de Rezende

Restaurar a Não-Monarquia!

Há 104 anos, um monarca de uma monarquia sem monárquicos foi abatido selvaticamente em Lisboa, em nome da "liberdade e democracia", por um bando de republicanos. 104 anos passados, um bando de monárquicos sem monarquia pretendem lembrar esse monarca, em nome da "liberdade e democracia", frente aos republicanos.

PS: não gosto nada de ver o blogue O Gládio metido nestas mariquices, e o Carlos sabe bem porquê. Neste assunto os nossos pontos de vista, tantas vezes iguais, não se tocam.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves