terça-feira, 14 de junho de 2011

Caminhos da Música (II Parte 3)

Encontramo-nos, hoje, portanto, numa situação praticamente sem saída: acreditamos no poder e na força de transformação da música [apregoa-se isto a toda a hora, os concursos da área baseiam-se nisto, os projectos sociais de agregação e suporte de fações da sociedade fazem-nos através da música e pela música], mas somos obrigados a constatar que, de modo geral, a situação intelectual da nossa época a retirou da sua posição central, impelindo-a para a periferia - era movimento e vida e, hoje, é algo simplesmente belo.


Não é possível, porém, conformarmo-nos com isso, eu diria mesmo que, se fosse obrigado a admitir a irreversibilidade da situação da arte, imediatamente deixaria de fazer música. Acredito, por conseguinte e com esperança cada vez maior, que dentro em breve todos nós vamos perceber que não podemos renunciar à música - já que esta redução absurda de que falo não passa, na verdade, de uma renúncia - e que podemos confiar na força da música de um Monteverdi, de um Bach ou de um Mozart e no que esta transmite. Quando mais nos esforçarmos para compreender e apreender esta música, mais percebemos o quanto ela ultrapassa a beleza e o quanto ela nos perturba e nos inquieta pela diversidade da sua linguagem.


E, no final, teremos de, através da compreensão da música de Monteverdi, Bach e Mozart [já para não citar Beethoven, Brahms Schubert, Schumann, Rachmaninoff, Saint-Säens, Liszt, Schostakovich, Shöenberg, Mahler, Wagner, Ligeti, Ives, Prokofiev, Pergolesi, Josquin des Prés, Haydn, Haendel, Lopes-Graça, Eurico Carrapatoso, Luís de Freitas Branco, João Pedro Oliveira, Fernando Lapa, Chopin, Scriabin, Rimski-Korsakov, etc. etc.], reencontrar a música de nosso tempo, aquela que fala a nossa língua, aquela que constitui a nossa cultura e a prolonga.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves