segunda-feira, 28 de março de 2011

Dia Mundial do Teatro

Para mim, logo que comecei a ver esta peça de teatro, tive a sensação de rever o início deste filme. Não sei porquê. E foi só o início.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Educação

It is not in the hands of popular majorities where power is most easily perverted; it is in the hands of the semi-educated.

No es en manos de las mayorías populares donde el poder más fácilmente se pervierte, es en manos de los semi-cultos.

Nicolás Gómez Dávila, Escolios a un Texto Implícito: Selección, p. 467

Revolução

The people that awakes, first shouts, then gets drunk, pillages, [and] murders, and later goes back to sleep.

El pueblo que se despierta, primero grita, luego se emborracha, roba, asesina, y después se vuelve de nuevo a dormir.

Nicolás Gómez Dávila, Escolios a un Texto Implícito: Selección, p. 471

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sinto muito pelo Estado Sentido

Não compreendo este ataque de histerismo do Samuel Paiva Pires. Para alguém que faz análise política através de blogs há já alguns anos, toda esta manifestação de entusiasmo é tão ingénua quanto infantil.
Faço minhas as palavras de RBR

Como se a demissão de um palhaço (e a antecipação da eleição de outro) justificasse qualquer festa... Será que vão enrolar uma bandeira do PSD e fumá-la?

Só errou RBR na mortalha do Samuel PP. Todos nós sabemos que o Samuel, agora, só fuma democrata-cristão. Daí a crença imbatível de que a fonte do mal do socialismo residia em José Sócrates e no seu governo - isto só é sustentável entre os liberais como o Samuel enquanto dogma de fé, e não enquanto verdade reconhecível. Os traços de jacobinismo do liberal-conservadorismo são tão evidentes como a crescente careca do jovem blogger - o último parágrafo da ode à democracia é a prova como, da sua tolerável tolerânciazinha, nascem dualismos de posições que exigem, em nome do Bem Público do demoliberalismo, a supressão de uma das partes - A Parte Maléfica.

(os negritos são comentários meus)
Quanto aos socráticos socretinos e outros quejandos paladinos da infelizmente risível responsabilidade irresponsável, quero dizer que me estou pura e simplesmente a marimbar para as vossas opiniões (Samuel de Paiva Pires - um novo José Sócrates em potência) – se é que alguns dos chorrilhos estupidificantes por aqui derramados possam sequer ser considerados como opiniões (é mesmo isso, queima-os na estaca! viva a Liberal Inquisição!). O Facebook é uma ferramenta magnífica, provavelmente uma das invenções mais democráticas jamais criada, no que à participação política diz respeito (quando serve os nossos propósitos é democracia - se não, é socialismo caviar). Permite a masturbação e a regurgitação pseudo-intelectual em larga escala e tempo real de todos quanto o pretendam fazer (o que é bom), ao mesmo tempo que do alto da sua arrogante e sábia ignorância presenteiam ilustres desconhecidos (leia-se Samuel PP et all) com epítetos do mesmo jaez, numa suprema demonstração do seu civismo e educação (too good for your shit). Pois bem, já que assim é, vão mas é trabalhar que este evento já acabou e deixem-se de merdas ó cambada de presunçosos socretinos e pseudo-preocupados com o estado do país (acabou em beleza! "Eu gosto é de malhar na Esquerda")!!!»

terça-feira, 22 de março de 2011

Revista "Glosas" - em nome da Música Portuguesa

Faço aqui uma cópia integral (e espero que o seu autor, meu amigo, não me leve a mal) de um texto que mostra bem, sinteticamente, o sentimento entre nós sobre a nossa cultura.
Será um mero exemplo? Sim, mas há gente que não aprende com os erros, mas que nunca tem má fortuna.
Ora aqui fica.

terça-feira, 15 de março de 2011

Monarquia Constitucional = Tirania Democrática



modelo das formas de Governo de Platão, conforme apresentado pelo Nacional-Cristão

Este pequeno textinho surge como humilde resposta ao post do amigo Henrique, que fez a simpatia de iniciar neste blogue esta já secular discussão entre monárquicos integralistas e monárquicos constitucionalistas. Com toda a razão podem os leitores republicanos desmarcar-se destas discussões - conheço até alguns que as apreciam porque demonstram divisão nas hostes monárquicas. Contudo, penso que é uma temática produtiva que pode enriquecer as experiências de todos os que estiverem interessados em Teoria Política, mesmo que servida nos incipientes moldes disponibilizados pela blogosfera.

Aconselho a leitura atenta do texto do Henrique para se conseguir tratar com exactidão os pontos que eu tratarei, com as minhas limitadas capacidades para estas andanças, de elucidar.
Aquilo que o Henrique refere como neo-integralistas não é um termo correcto. Nós já andámos por aqui faz bem mais tempo que as reais associações. Em faculdades, em grupos elitistas, a trabalhar em todos os estratos da sociedade, entre a nobreza e o homem-livre, no Direito, na História, na Filosofia, etc.
São os monárquicos constitucionalistas que aparecem e reaparecem conforme as modas. Eram liberais os monárquicos da Carta de 1834, jacobinos os da Constituição de 1822. Os de 1910 eram já todos, ou quase todos, republicanos. Foi o Integralismo Lusitano que ressuscitou o pensamento conservador português, tanto o católico como o monárquico. Esse pensamento é marcadamente anti-democrático. Aviso a todos os amigos e camaradas que lerem este texto que desaconselho a todo o homem ambicioso das coisas mundanas a ser Integralista. O Integralista não chega a Presidente da República nem a líder de Juventude Partidária - raras vezes é-lhe sequer entregue uma chefia de departamento na Função Pública. A má sina persegue-nos como se de peste se tratasse.

O Integralista é integralmente monárquico e integralmente católico - como tal, integralmente português. Para ele, o Poder não vem das Massas, de onde nascem as vontades indisciplinadas e os desejos caprichosos. A Autoridade, para ele, tem origem em Deus. É daqui que nasce a obrigação do Rei em reinar segundo as Leis e os costumes das Nações, protegendo a Igreja, as classes sociais e profissionais, os mais fracos e governar em prol do Bem Comum e das liberdades dos povos. A sua doutrina económica é a Doutrina Social da Igreja, muitas vezes apoiando-se no Distributivismo de Chesterton e Belloc.
O argumento anti-democrático é um que está já cansado e estafado de ser atirado, apesar dos erros serem recorrentes na defesa do sufragismo. Fica aqui uma breve explicação desses erros, que não desenvolverei aqui por o post ficar demasiado grande.

O segundo ponto do Henrique passa por uma leitura de um facto histórico. Se Simon de Monfort ouvisse o Henrique a qualificá-lo de democrata, provavelmente rachá-lo-ia de cima a baixo com o seu montante. Mesmo que possámos provar, de alguma forma, que o líder dos barões ingleses estava interessado nalguma forma de Governo Representativo - o que é altamente improvável, o que ele queria era que o Poder Central não pudesse taxar à vontade os seus súbditos, pelo menos sem lhe perguntar a opinião - temos a certeza que a igualdade política entre súbditos era a última coisa em que este poderoso aristocrata poderia pensar. Primeiro, temos de saber diferenciar entre Governo Representativo e Democracia - consequentemente, é errado qualificar o Governo dos EUA como democracia, porque é uma república constitucional, infelizmente cada vez mais democratizada.

É preciso esperar pela morte de Carlos I Stuart para que a Lei da Espada, o Parlamento, se inclua permanentemente na governação de Inglaterra. Começou aí a perda de virilidade dos ingleses e o seu vergonhoso jeito para o burguesismo serôdio.

O terceiro ponto do Henrique passa pelo carácter do monarca constitucional: o rei do tradicionalista é um tirano das eras obscuras, mas o rei constitucional é um semi-deus. Acho imensa piada quando vejo os não-republicanos a defender o estatuto do rei apartidário. Logo em Portugal, onde até o mais básico dos calceteiros tem toda uma doutrina política capaz de preencher 4 partidos políticos, vamos arranjar um Rei sem partidos. Um homem sem apetites ideológicos. Um Catão, só que monárquico. Um meio-humano, com acção mas sem vontades. O Rei Constitucional é um banqueiro judeu fabricado na Sony.

Este Quasideus está dotado do Poder Moderador - o quarto poder, que lhe garante a força magnífica de acenar a cabeça quando vê uma lei que lhe agrada (mas para a qual, obviamente, não se sente inclinado ideologicamente a aprovar) e a torcer o lábio quando o obrigam a passar uma lei que lhe desagrada, tal como o Rei-fantoche da Espanha e a Múmia-Chefe Anglicana.

Este Poder Moderador foi a patranhada mais mal ajeitada mas mais comida da Teoria Política. Descamba sempre na Monarquia Vegetativa, mas todos adoram a forma como isto funciona.

Este Rei não pode propor Leis: está entregue ao ditamos dos seus parlamentos e da Vontade das Massas. S. Isidoro de Sevilha ensinou aos Godos que governavam as Espanhas, em 634, que um rei que governasse mal era um tirano que merecia ser deposto. O Rei constitucional não tem o perigo de ser tirano - ele nem sequer é Rei. Os seus ministérios são escolhidos pela partidocracia do poder económico e dos media: mas ele fica mudo, sem ideologia, a Reinar e a não Governar. De certeza o leitor já ouviu esta: o Rei reina mas não governa. Quando ouço isto, sinto que estão a reinar comigo. É como dizer que o Papa faz bulas, mas os católicos não têm que obedecer ao conteúdo das mesmas. Rei que não governa é como Bacalhau cozido à Salazar. Está lá tudo, menos o bacalhau. Em vez de um rei hereditário, seria melhor pôr lá um procurador vitalício. De preferência, que fique bem nas moedas e saiba cortar fitas.

O Integralismo não nega a necessidade de Representatividade Popular: admite-o e prova que esse existiu ao longa da história, com maior ou menor incidências. A ideia, no entanto, de que a opinião maioritária submete à sua autoridade a do Rei conflictua com o Integralismo: um Rei que obedece ao governo da Maioria não age em prol do Bem Comum, como afirmava Platão, e portanto ia contra o dever divino - assim sendo, deve ser destronado.

Os últimos tempos da monarquia tradicional europeia apontavam para um caminho em direcção ao Rei Filósofo - os tempos difíceis do Séc XVIII e inícios de XIX não permitiriam que tal se tivesse dado. O que os Integralistas pretendem, acima de tudo, é um país onde o factor Autoridade esteja bem definido - no Monarca. Onde a governação esteja entregue a uma elite escolhida pelo mérito e não pela eleição popular - numa nova Aristocracia. E de uma vida comunitária activa, onde os cidadãos sejam representados não pela sua individualidade, mas pelo seu conjunto social - nos municípios, nas corporações profissionais, nas assembleias regionais.

Mínimo Governo da Melhor Qualidade, em vez do que nos fornece o parlamentarismo democrático, Máximo Governo da Pior Qualidade

Quando me perguntam se não é muito mais fácil instaurar um regime monárquico da forma que as Reais Associações querem, eu digo que sem dúvida que sim. Quando a Esquerda deste país aceitar um monarca, vai adorar fazer dele o joguete perfeito dos seus jogos de rapto. O rei vai-se sentir ainda mais pressionado a aceitar a colaboração da esquerda do que da direita. A nossa Monarquia Constitucional é uma história de esquerda. O Tirano Pedro IV, Imperador do Brasil e péssimo autor de hinos, modificou as leis tradicionais portuguesas (algo que nem o mais absolutista dos nossos monarcas se atreveu a fazer) para criar a sua maçónica Carta Constitucional. Só por aí merecia ser destronado e atirado aos leões. O Rei que usa do seu poder para violar as leis até aí respeitadas pelos seus augustos antecessores é como o pai que se aproveita da sua autoridade para abusar das filhas. Tal homem, bem como a sua descendência, só podem ser olhados com reprovação. A este Tirano se deve a destruição dos mosteiros religiosos em Portugal e a repartição das propriedades da Igreja entre os ricos partidários do liberalismo. À sua filha, Dona Maria II, o ter afogado em sangue, com o apoio de tropas estrangeiras, as gentes do Minho, que se revoltaram após os impostos que a Liberdade Constitucional lhes impuseram, que os sufocavam. No entanto, atentando às palavras do Henrique, a Monarquia Constitucional foi uma evolução: foi o peito do nosso povo que apanhou as balas que essa evolução expelia. Estavam à espera que os miguelistas o fizessem de sorriso na boca? Dar a outra face, entre cristãos, é matéria difícil e ambígua...
As uniões com a casa de Sabóia feitas pela linha constitucional bem demonstram esse desprezo pelo antigo. Ou não foram os Sabóias, gens vipera , quem mergulhou as Duas Sicílias num banho de sangue para assegurar a União Italiana, depois de terem ocupado os Estados Papais e agredido injustificadamente o Império Austríaco?

E os desenlaces políticos habituais da nossa Monarquia Constitucional, que dizer deles? Caciquismo, partidos políticos, lambe-botismo a todas as novidades estrangeiras. Baixa forma de vida, acompanhada de um défice louco devido a uma função pública endémica - problema esse que agora renasce.

Entre uma república autoritária e uma não-monarquia constitucional, não tenho dúvidas em responder - se o Rei é para não ser Rei, mais vale não o ser de todo. Nisso sou um Absolutista, um homem de Absolutos. Não aceito a fronteira entre o medíocre e o inexistente como relevante.

domingo, 13 de março de 2011

Recordações de Barcelona

Barcelona, união perfeita entre o que de mais antigo e mais moderno já se fez em sociedade, desde os seus primórdios.
Reunião de prazeres tão distintos como a praia e o campo, o porto e a fortaleza, a devoção religiosa mais intensa e a luxúria nocturna mais inebriante.
A defesa de uma identidade da forma mais activa política, económica e socialmente, bem vincada em exemplos tão próximos como no futebol, na gastronomia ou na língua.
Lembro-me perfeitamente do caso de um dono de uma loja pôr um anúncio a pedir um funcionário e este texto estar escrito só em castelhano. Pois dias depois já lá estava alguém por parte do Estado municipal com uma denúncia de que a lei/regra de se escreverem esses textos dessa índole, pelo menos, em catalão!!

Mesmo que tendo sido em trabalho, houve muitas oportunidades para me deliciar com a variedade arquitectónica, de me "perder" nas suas transversais, onde se encontram as mais deliciosas surpresas, como uma loja de flores que ocupava um quarteirão inteiro!, ou uma loja de partituras que praticava uns bons preços, só ultrapassáveis pelos que encontrei em Budapest.

E livrarias, muitas livrarias; e não me refiro a redes de lojas generalistas como a FNAC (que as têm), mas sim especializadas, como só em literatura catalã, ou só estrangeira ou só Banda Desenhada, ou só de literatura sobre as mais diversas expressões artísticas. Já para não referir a diversidade de lojas de discos, onde se encontravam raridades da pop, rock e música erudita, etc. Até tive a sorte de "cair" numa praça onde havia uma feira de antiguidades, com, veja só, venda de títulos de acções de mais de 70 anos, moedas muito antigas, enfim, uma autêntica "volta ao passado".
A própria organização dos espaços de leitura, as cores, a mobília, tudo o que estivesse relacionado com uma loja de livros era, maioritariamente, arte de bom gosto.
O mundo onde era fácil parar no tempo, tal como nas ruas circundantes a Cedofeita ou Clérigos ou Miguel Bombarda, para dar termos de comparação com o Porto.
Mostro eu estes exemplos porque, tendo eu ido por ocasião de um curso de aperfeiçoamento pianístico/musical, a minha atenção era despertada para estes interesses, mas houve, claro, lugar para outra paixão: o futebol.
Ver jogos do Barça é também ver arte, alegria, emoção em estado puro.Mas ver num café de um dos clubes satélites do Barça é outra coisa. Ainda para mais quando o clube catalão ganha e o Real Madrid empata logo a seguir. Até portugueses por lá encontrei e fizemos "la fiesta" até às tantas pelas Ramblas.
Agora outro registo: um concerto de piano numa sala lindíssima com boa acústica. Agora imaginem, de seguida, um serão de piano mas com castanholas e dançarinas trajadas a rigor. Olé!Se há cidades parecidas com o Porto, onde me sinto em casa, Barcelona é uma delas, sem dúvida. Onde estar num grande jardim, na praia ou museu, a ler ou a ouvir música, nas ruas a mirar as varandas ou a apanhar sol numa esplanada é uma promessa cumprida.

Reacções à manifestação da Geração sem rumo

Escapando às declarações pouco amistosas de alguns dos típicos Velhos do Restelo, bem instalados pelo regimezinho, heis alguns pontos que me levam a repudiar a manifestação de dia 12 de Março:

1- A mesma manifestação persegue um objectivo aparentemente inócuo: pretende unir todas as forças políticas num acto de crítica colectiva.

2- Esse objectivo falha pela simples razão de que as forças políticas reunidas à volta desse protesto são de natureza individualista, partidária ou meramente sectária: pretendem ver na sua causa a principal solução dos problemas.

3- Daí advém todo o falhanço do objectivo principal da manifestação.

A ideia de que a presença de várias opiniões exaltadas num espaço apertado ou num local designado é sinónimo de discussão produtiva de opiniões continua a ser o apanágio do revolucionariozinho da esquerda. Discussão alguma é produtiva em clima de paródia e excitação. Isto é verdade para parlamentos democráticos e para greves ou manifestações. Quem parte para estes tipo de coisas parte já com uma agenda bem planeada a defender, pronta para aproveitar o calor da situação, pronta para a demagogia das massas - e é sempre a "esquerda fracturante" quem melhor se move por este lamaçal de espíritos incomodados.
O mesmo se passou nesta grandiosa romaria que atravessou o país inteiro. As soluções ficaram-se pelos urros de entusiasta - na sua maior parte, espalhou-se a mensagem de que seria o Governo a tratar de empregar os jovens em necessidades. No final de contas, a profecia de Salazar mantém-se: uma vez entregues ao socialismo, os portugueses encostar-se-ão ao Estado.
As mesmas forças que gritam pelo igualitarismo económico e pela destruição de tudo o que conhecemos com nome português em nome dos amanhãs que cantam usam agora os jovens para protestar contra os abusos de uma nação de gerações que, desde a década de 70, pensa exactamente da mesma maneira, com as mesmas aspirações de vida recostada e recursos ilimitados.

Este país é uma proveta de experiências socialistas desde 1974. Não é pelo mesmo caminho que isto vai melhorar - e é exactamente isso que os jovens portugueses têm de compreender.

Portugueza

Reacções à Manifestação da Geração à Rasca

da Ordem Natural
Ver a horrenda manifestação de hoje acaba com as ilusões que qualquer liberal gosta de ter sobre o país em que vive e sobre as novas gerações da gente que o povoa: estes meninos estão obviamente dominados pela visão de um mundo em que os bens não são escassos e em que todas as amenidades da vida são passíveis de distribuição, assim queira o Estado tirar dinheiro a alguns para lhes dar a eles. Os pais e os professores pintaram-lhes certamente um mundo de ilimitados direitos, e os meninos - coitados - acreditaram não só na justiça da redistribuição sistemática, mas - o que é mais estranho - na sua praticabilidade. Agora é tarde para abandonarem a fantasia por seu próprio pé e viver no mundo real. Infelizmente a realidade não é sensível às expectativas dos meninos e meninas e está prestes a bater-lhes à porta.

A mentalidade socialista está, pois, tão entranhada nas cabeças das pessoas da minha geração como estava nas da geração passada. Se isto não prenuncia nada de bom, pelo menos dá-nos uma ideia do que esperar no futuro próximo.

Blogue recomendado

O blogue do Padre José Maria Iraburu.

sábado, 12 de março de 2011

Crítica de concerto (IX)

24/2/011
às 20h (Pois, está quieto, primeiro que os cameraman estivessem "listos" foi uma eternidade)
Auditori Conservatori de Liceu, Barcelona, Espanha.

Concerto em Homenagem a Franz Liszt.

Pianista: Luiz de Moura Castro. Não precisa de grandes apresentações. Basta ver o seu curriculum, ou melhor, perguntar a qualquer pianista que o irá dar as melhores referências dele, pianística (maioritária) e pedagogicamente.

Deu o seu comentário sobre cada peça que ia tocar, numa mistura muito divertida de castelhano com sotaque de português do brazil.

Muito bem humorado e andando muito devagar, demonstrou logo que não vinha fazer nenhum frete. " Não me sinto bem se não vos disser que me apetece mudar de programa. Quem me conhece já sabe que é sempre assim. Gosto de mudar, sempre que o meu espírito me puxa pra outro repertório".

Assim foi.

Começando com Bachianas Brasileiras, número 4, de Heitor Villa-Lobos.

Fiquei sem palavras.

Wienen, Klagen, Variações sobre um tema de Bach - Franz Liszt
Comecei a chorar de alegria.
No fim, ele se levantou, mais forte que nunca, retirou seus óculos e seus olhos lacrimejavam, como se de uma criança se se tratassem.
Tinha acontecido uma dádiva na forma da Grande Música.

E a inspiração celeste continuou.

3 Sonetos de Petrarca - Franz Liszt

Por fim seria São Francisco caminhando sobre as águas - Franz Liszt, mas foram, em vez, as Cenas de Infância, de Robert Schumann.
Tão apropriadas, minha mente se levantou e recordou meus ensinamentos de petiz, minhas amadas leituras de menino feliz, minha doçura inocente...

(...)

Depois do concerto houve um "drink", no qual, entre outras coisas, se festejaram os 70 anos deste Enorme Pianista.
E mais não digo...

P. S. Teve extra? (perguntará o leitor)
Não. Não havia necessidade.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Crítica de concerto (VIII)

Ontem, 10 de Março de 011, concerto de Música de Câmara na Sala Teresa de Macedo, na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, parte integrante da programação da Semana Aberta.

Começou pontualmente às 21:30h com "Dunkler Lichtglanz", de Robert Schumann, com os seguintes cantores:

Sara Cruz, Soprano
Liliana Sousa, Contralto,
João Terleira, tenor
André Carvalho, barítono
e ao piano Laura Felício.


Uma peça divertida, com um texto humorado, interpretada com rapidez, intenção mas com pouca leveza.
Todos os momentos eram de grande ênfase, soava tudo sempre forte.
Tanto nas cadências e partes de estabilidade tonal como nas progressões harmónicas, muitas em cromatismo, síntese da intensidade íntima muito presente na obra deste compositor, havia, como dizia, a necessidade de cada um revelar a sua parte o máximo possível. O resultado, por exemplo, era a submersão da Contralto por parte da Soprano, que tem um boa voz mas que exagerava nos crescendos, chegando aos agudos já em nítida desafinação com os restantes, talvez por já estar cansada de tanto cantar naquele dia.

Gostei do Tenor, com boa técnica e coordenação com todos os músicos. O barítono fazia muito bem as suas entradas, tanto rítmica como afinadamente, dentro do molde de harmónicos projectados pelo piano.

Este, sempre respeitador e atento às entradas e respirações dos cantores, demonstrou sentido de condução de estrutura da obra, mas também foi um pouco "na onda" da intensidade em excesso, mas com alguma variedade tímbrica (pouco facilitada no trabalho pelo desconforto gerado por uma "lesão" num dedo).

A soprano nunca olhava para o público, sempre de lado na postura, ao contrário dos restantes, com "interacção". "Esqueceu-se" de mandar calar o público, com o indicador, numa parte da peça, numa clara graçola física inerente a uma referência textual do muito irónico Schumann (algo que se não me dissessem, não ia imaginar).


Seguiu-se Paris 1937 de Fernando Lopes-Graça, para dois pianos.

Ambos estão de parabéns.
A Margot Welleman (a impecável pianista deste concerto) pela sua sagaz e implacável noção de balanço e afirmação rítmica, com uma variedade tímbrica inexcedível no registo grave, num piano que está um caco, muito aberto, em que seria fácil bater/berrar.
O Pedro Costa por ter tocado com febre alta mas com uma desenvoltura, alegria e variedades tímbrica e colorística muito grandes. Vê lá se tens febre mais vezes rapaz!!
Muitos Parabéns!!
Bem, na 2ª parte ouviu-se a "Playfull Quartet", de René Dequanq, pelo ensemble de Saxofones Ventos Novos.
Gostei muito da peça mas não tanto da interpretação. Demasiado vibrante, com muito ar a sair dos instrumentos. Muito alegres a tocar e muito conectados entre eles.
(Et quelle belle fille la bas).
Boa assistência, maioritariamente de cantores . Pena não ter aparecido mais gente de outras "musicalidades". Espero que apareçam nos outros dias.
Isto foi numa noite onde aconteceu outro milagre, além do do Pedro.
O Benfica lá ganhou ao... Paris Saint-German.
Isto é com cada coincidência...
"Cabecinha Pensadooora..."

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves