quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Confuso e Monárquico*

*texto meu, publicado no MLP
A Nova Monarquia por quem lutam, há tantos anos, os monárquicos como MCB é um nado-morto, um nada de glória vã. Acabará por ser uma instituição de cariz monárquico hereditário completamente vazia de conteúdo, procurando através de uma simbologia oca relacionar-se com algo que a suplanta mil vezes. A monarquia fantoche inglesa e espanhola e nórdicas parecem ser os modelos a seguir - é uma triste ilusão achar que se pode importar instituições que apenas se mantiveram devido à benevolência da história - é trocar má capa por mau capelo. Neste assunto importa absolutamente a doutrina de Chesterton - afirmar algo como "Tudo pela minha Mãe, mesmo que ela seja uma degenerada alcoólica" é escapar completamente à essência do problema. Reduzir o esforço dos integralistas a mero saudosismo é repudiar a obra de António Sardinha, que estudou a fundo o impacto sociológico das instituições demo-liberais na sociedade, e de Cabral Moncada, um jurista que, antes de ser um talentoso académico e pensador, concordou com o seu contemporâneo Erik von Kuehnelt - Leddihn quando estudava o impacto do partidarismo na sociedade e na protecção da liberdade.

A Nova-Monarquia das Reais Associações e Juventudes Monárquicas é uma velha oligarquia coroada, com tendências oclocráticas nas horas de reavivar a "legitimidade democrática" e entalar o Chefe de Estado na obrigatoriedade de acatar as ordens dos ministérios. No final de contas, a irresponsabilidade do rei tornou-o naquilo que era: uma mera ficção. Não foi a Carbonária a matar o Rei Dom Carlos e o Príncipe Real: a causa de morte destes dois desafortunados precede o seu próprio nascimento, e a arma que os matou era uma arma invisível, e não somente as carabinas do Buíça e do Costa: essa arma era a Carta Constitucional, e foi engatilhada pelo Imperador do Brasil.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves