quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Natal

Aquele que se ofereceu para ser sacrificado em nosso lugar não é um cobrador de dívidas nem um acusador, mas um salvador. Ele nada pede, apenas oferece. E em troca aceita uma palavrinha, um sorriso, uma intenção inexpressa, qualquer coisa, pois não é irritadiço nem orgulhoso: é manso e humilde.

Se, sabendo disso, você ainda é vulnerável aos olhares acusadores e às palavras venenosas, se ainda sente ante os intrigantes e os maldosos um pouco de temor reverencial e tenta aplacá-los com mostras de submissão para que eles não o exponham à vergonha ou não o castiguem de algum outro modo, é porque ainda não compreendeu o sentido do Natal.

Esse sentido é simples e direto: os maus e intrigantes não têm mais nenhuma autoridade sobre você. Não baixe a cabeça perante eles, não consinta que suas fraquezas sejam exploradas pela malícia do mundo.

Jesus Cristo já pagou a sua dívida.

É por isso que comemoramos o Natal.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Morte na Arte eterna

Aqui fica a minha referência para uma figura das Artes Musicais:

http://www.publico.pt/Cultura/morreu-o-maestro-e-compositor-manuel-ivo-cruz_1472499

Proposta musical

Amanhã, dia 28 de Dezembro, no Forum de Ermesinde, pelas 21:30 horas, vai decorrer um concerto do Coro "Sol Maior", com participação do Coro Juvenil da AACE, de Ermesinde (mais recente grupo fundado pelo maestro Nuno Rocha - Músico com reconhecida experiência da direcção de coros e grupos instrumentais).
Excelente proposta para desfrutar de boa música, um serão musical para toda a família.
Já os ouvi cantar e aconselho-os vivamente.
Saia do sofá, afaste o frio e oiça boa música ao vivo.
Policarpo representa uma Igreja pusilânime e cortesã que, certamente, escapa ao múnus de Joseph Ratzinger. Não foi por acaso que, aquando da visita dos Bispos lusos ao Vaticano, foram forçados a ouvir muita coisa de que não gostaram. Designadamente que olhavam demasiado para si próprios. Ora D. José Policarpo é, nesta matéria, um epígono exímio. Sente-se confortável no regime e o regime sente-se confortável com ele. A Igreja é deste mundo mas representa outra coisa. Não conviria abusar.

Do Papel do Estado

Contra todas as claras lições da experiência, entendem muitos que há-de o Estado alargar as suas funções económicas, organizando ele próprio a produção e com esta a repartição da riqueza. Por este caminho se tem chamado à actividade do Estado a organização e distribuição do crédito, os meios de transporte, a construção, a exploração das riquezas do subsolo, os povoamentos florestais, vários ramos da produção agrícola e industrial, o comércio de certos géneros, quando não todo o comércio externo. Mas, exceptuados os momentos em que se hajam de salvar do melhor modo possível os maiores valores da economia nacional, arrastados pelo encandeamento dos desequilíbrios que as crises provocam, as funções do Estado devem ser muito mais limitadas e essencialmente diferentes.
Não há nesta socialização crescente nem interesse económico — maior produção de riqueza em melhores condições de custo — nem interesse social — mais justa distribuição de rendimentos, melhor atmosfera para valorização dos indivíduos — nem interesse políticomaior independência do Estado, mais asseguradas liberdades públicas, mais eficaz defesa dos interesses colectivos.
O Estado deve manter-se superior ao mundo da produção, igualmente longe da absorção monopolista e da intervenção pela concorrência. Quando pelos seus órgãos a sua acção tem decisiva influência económica, o Estado ameaça corromper-se. Há perigo para a independência do Poder, para a justiça, para a liberdade e igualdade dos cidadãos, para o interesse geral em que da vontade do Estado dependa a organização da produção e a repartição das riquezas, como o há em que ele se tenha constituído presa da plutocracia dum país. O Estado não deve ser o senhor da riqueza nacional nem colocar-se em condições de ser corrompido por ela. Para ser árbitro superior entre todos os interesses é preciso não estar manietado por alguns.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Comentário a um texto de Palmira F. SIlva

Inconsistências neste post (a negrito os argumentos expostos pela autora do texto aqui refutado):
"Foi o significado especial que o solstício de Inverno desde sempre assumiu que levou a igreja cristã a designá-lo como o aniversário do seu deus incarnado. Com esta medida não só aculturou festividades profundamente enraizadas como aculturou ciclos divinos já muito bem estabelecidos nas religiões que a antecederam na sua esfera de influência: o nascimento do deus no solstício de Inverno, a sua morte, na cruz em muitos casos*, e ressurreição no equinócio da Primavera.Os aniversários do Attis frísio, do Dionísio grego, do persa Mitra ou do Osíris egípcio, por exemplo, eram todos celebrados no solstício de Inverno, na sua maioria a 25 de Dezembro"
1- O Solstício de Inverno não é a causa única para todas as celebrações religiosas que existiram à face da Terra. Nem sequer se passaram todas no mês de Dezembro. Razões:
1.1 - O Calendário Latino tem peculiaridades que não estão presentes nos calendários de outras culturas religiosas. Uma dessas peculiaridades é existir um 25 de Dezembro.
1.2 - O Culto de Átis não tem semelhança alguma como de Jesus Cristo. Primeiro, porque o seu culto está ligado à fertilidade e ao auto-flagelamento (Átis cortou os seus genitais). Consultei 3 dicionários de Mitologia Greco-Romana e não encontrei uma única referência a um possível renascimento 3 dias após a morte. Onde quer a a Palmira tenha lido isso, é possível ser patranha.
1.3 - Não há data alguma que indique que Mithra ou Osiris nasceram no dia 25 - pelas mesmas razões que 1.1, e por falta de fontes que apontem tal facto.

2 - Sobre as tradições cristãs do Natal:
Tudo o que associamos ao Natal, prendas, festa, decorações, etc. remonta a esses antigos ritos pagãos e são património cultural de todos
2.1 - "prendas, festa, decorações, etc." não fazem parte da tradição cristã de Natal. Existe uma tradição religiosa e outra desenvolvida pelas comunidades, muitas vezes independente da religiosa, outras vezes com elementos claramente aproveitados da religião predominante, mas sempre um elemento à parte da celebração religiosa.

3 - Sobre Crucificações:
Os vários deuses Sol não são os únicos deuses encontrados crucificados em stauros sortidos, nem os únicos a ressuscitar após o sacrifício, Osiris e Hórus no Egipto, Krishna na Índia, Quetazlcoatl no México, Hesus dos druidas, Attis na Frígia, são apenas alguns exemplos.

Hórus não é crucificado, Osíris também não. O primeiro nunca morreu, o segundo foi desfeito em mil pedaços pelo irmão Set. Quanto a Quetzacoatl, nenhuma da simbologia atribuída a este Deus envolve uma cruz. Mais, a iconografia azteca possui martelos e foices, e ainda não se pensou que lá existissem comunistas. A existência de cores variadas nos túmulos egípcios também não é sintomático da existência de um movimento LGBT nas terras do Faraó. Krishna também não foi crucificado.

4 - Sobre o imperador Constantino:
O imperador Constantino, que viveu e morreu mitraista, promoveu vários elementos do seu culto pessoal ao Deus-Sol Mitra,
seria mais honesto, do ponto de vista académico, lembrar que a não-conversão de Constantino nos últimos dias ao Cristianismo é apenas uma opinião minoritária entre alguns académicos, visto a grande maioria de provas contemporâneas provarem-nos exactamente o contrário.

5- As diferenças do culto persa para o judaico-cristão:
O mitraismo, uma religião milenar elitista e iniciática, herdeira da riquissima tradição religiosa persa expressa no Avesta, com inúmeros rituais muito semelhantes aos depois adoptados pelos cristãos, nomeadamente a cerimónia da missa ou antes a Myazda mitraica,
estão provadas pela simples evidência que o culto judaico é a principal fonte para a liturgia cristã: pelo simples facto de os primeiros cristãos se terem convertido do judaísmo. O mitraísmo teve muito sucesso entre as castas militares de Roma, mas foi o cristianismo que conquistou as classes baixas das cidades e também as elites governativas do Império. O excesso de importância atribuido ao culto de Mitra é compreensível, no entanto, devido ao facto de mais provas arqueológicas nos terem ficado dos campos militares romanos do que dos palácios e cidades.
5.1 - A designação de "Pai" para um líder de uma comunidade religiosa:
o Pater ou Papa, era muito popular entre os soldados romanos, como assinala o historiador romano Quintius Rufus no seu livro «História de Alexandre».
não é propriedade dos persas. É muito, mas mesmo muito alargado. Além de que Papa é uma designação que só muito mais tarde se veio a aplicar ao Bispo de Roma, muito depois do fim de qualquer vestígio de culto de Mitra na Europa Ocidental.

Arqueologia e História

A ideia de que tanto a Arqueologia como a História são duas ciências "irmãs" parece-me tão errada como até perigosa para o espírito académico que as anima.
A própria complementaridade entre Arqueologia e História pode ser posta em causa, uma vez que os pontos que as interligam são tão comuns como as semelhanças entre a História e a Sociologia. Especialmente em Portugal a confusão ente os domínios das duas ciências tem sido obra de alguns irresponsáveis pragmáticos, que vêm a necessidade de "trabalho à vista" como a perfeita justificação para uns subsídios de investigação académica. A perversão destas duas ciências pelo excessivo convívio é notório.

A Arqueologia é a Logia do Antigo: não lhe interessa uma objectiva contextualização dos dados, apenas a sua conservação e estudo.

A História é o registo de uma sucessão continuada de acontecimentos cuja evolução está regida por causas profundas e, por sua vez, submetidas a leis universais.

Como escreveu Eric Hobsbawm: “O que a história pode fazer é descobrir os padrões e mecanismos da mudança histórica em geral e, mais particularmente, das transformações das sociedades humanas durante os poucos últimos séculos de mudança espectacularmente generalizada e acelerada. É isso que, mais do que previsões ou esperanças, se mostra directamente relevante para a sociedade contemporânea e as suas perspectivas de futuro” Ensaios sobre a História, ed. Relógio de Água, Lisboa, 2009

A História é o estudo da mudança. A capacidade de mudar é uma das premissas de uma comunidade viva. Enquanto que uma indústria neolítica ou um palácio minóico é uma oportunidade arqueológica para o desenvolvimento da sua arte, para o historiador possui um significado de morte, necessário e útil como é claro, mas apenas para justificar algumas teorias e para alimentar as necrologias que perfazem alguns capítulos sobre civilizações antigas.

A ausência de mudança, para o Historiador, é o fim de um Estudo, e o início da actividade do Arqueólogo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Solidariedade através da Música

Agora que estamos numa altura do ano de muita azáfama, com a quadra Natalícia que, espero, seja passada da melhor forma possível, com toda a família, cheia de alegria, teremos ainda um momento de reflexão, de balanço sobre aquilo que fizemos (e não fizemos) durante o ano de 2010, por forma a podermos, dentro das nossas possibilidades, prever e preparamo-nos para o Primeiro ano da Segunda década do Século XX.
Enquanto as crianças estão fascinadas com seus brinquedos novos (ou talvez obriguem os pais a trocarem as prendas, com grande azáfama renascida nas Grandes superfícies comerciais, no dia 25, o que até é notícia de telejornal) estes, os pais, deitam contas à vida, pois os tempos são de grandes dificuldades ainda por vir.
Cada vez mais vemos a pobreza a crescer à nossa volta, com dados governamentais pouco abonatórios da nossa situação económico-financeira. As nossas esperanças numa vida em sociedade pacificada cada vez diminuem mais, pois com cada vez mais pessoas a caírem no desemprego, aumentam fenómenos alienantes, como a criminalidade, o alcoolismo, o consumo de substâncias proibidas, por forma a esquecerem os problemas.
Por estas e muitas mais razões é que devemos dar extrema importância a todas as actividades e iniciativas que promovam o bem-estar, a cultura, a aproximação de valores entre as pessoas. Exemplos de sucesso em todas as áreas existem e devem ser mostrados, que apelam à responsabilização social de todos nós por cada um que faz parte desta sociedade cada vez mais consumista.
Neste campo, a Música, uma das áreas da Cultura mais acessível, no meu entender, ao comum dos Mortais, tem papel fundamental para dar algum "pão espiritual", alguma alegria, paz interior, que de todos os lados só recebem más notícias.
A Arte musical ajuda a criar zonas de comunhão, de aproximação à verdade interior, àquilo que realmente nos une a todos, a procura da felicidade.
Exemplo bem recente partiu da Fundação Calouste Gulbenkian, que acolheu o evento "Música Por Uma Causa", no dia 12 de Dezembro. Tratou-se de uma iniciativa integrada na programação Gulbenkian Música 2010/2011, que propôs recolher instrumentos musicais destinados sobretudo a escolas de música de Moçambique, mas também de outros países africanos e do Médio Oriente, com a ideia de que um instrumento já não utilizado, mesmo em mau estado, pode ser aproveitado e ajudar na formação musical de jovens em situações seriamente desfavoráveis.
De acordo com Miguel Sobral Cid, responsável pela coordenação deste evento, era esperada "uma grande adesão por parte do público, uma enchente de crianças e de famílias para este dia cheio de música com uma larga oferta de bons concertos e outras actividades. Ao mesmo tempo, estamos a contribuir, de uma forma diferente, para uma causa social, através da recolha de instrumentos.»
Música Por Uma Causa é fruto de um parceria com Music Fund , uma instituição internacional fundada em 2005, que apoia a formação musical de jovens de países em desenvolvimento e em zonas de conflito.
A prática destas acções de beneficência/solidariedade sempre foi apanágio do povo Português, sendo um exemplo ainda fresco na nossa memória a música que Luís Represas criou, na sequência da luta pela causa Timorense. Convidado pelo então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, a deslocar-se a Timor, em visita oficial, levou na bagagem o tema que se tornou num hino à independência e paz do território.
Serve isto para nos dar confiança e apreço por aqueles que dão o seu melhor para nos alegrar com cultura de qualidade, para lembrarmos também que a Cultura ajuda a chegar ao Belo, aos sentimentos mais verdadeiros e puros que nos ajudam a sobreviver nesta torrente de tormentas em que parecemos (sobre)viver.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Crítica de concerto (III)

No passado dia 17 de Dezembro, pelas 21:30 horas (mas como é evidente, atrasado, pois nada começa a horas em Portugal, infelizmente) assisti a um concerto de Natal na Sé Catedral do Porto, patrocinado pelo Núcleo do Porto do Centro Nacional de Cultura.

Intérpretes:
Orquestra do Norte dirigida pelo Maestro José Ferreira Lobo, que interpretaram o Concerto grosso Nº8 em Sol menor, Opus 6 "Fatto per la notte di natale" de Arcangelo Corelli e a Oratória de Natal Opus 12 de Camille Saint-Saëns,

Esta última com:
Coro do Ensemble Vocal PRO MUSICA e os seguintes cantores solistas líricos:
Elvira Ferreira - Soprano,
Margarida Reis - Mezzo-Soprano,
Manuela Teves - Mezzo-Soprano,
José Manuel Araújo - Tenor,
Pedro Telles - Barítono.
A juntar o Organista Pedro Nuno Leite.

Gostei bastante de ver a Sé repleta de gente, bem iluminada e com boa reverberação tanto junto aos músicos como à entrada.

O concerto foi gracioso, elegante, por vezes parecia desaparecer de tanta preocupação em tocar ao de leve. Conseguiu, em parte, reviver o espírito barroco do cruzamento de linhas melódicas e harmónicas, do contraponto.

Agora, quando entram os Solistas, aí fiquei estarrecido.
Era a Orquestra a lutar para se fazer ouvir, sem sucesso; era o desencontro entre o Coro e os Solistas, era entre os Solistas uma chiadeira descomunal.

Peço desculpa, caro leitor, mas o que tem ser, tem muita força.

Só quando a cantora Margarida Reis cantava eu ficava a perceber como eram as melodias, é que alguma paz entrava no concerto, é que se percebia a letra. Nos duetos ou tercetos, era cada cada um pra seu lado.
Tenho um azar dos diabos, sempre que oiço o cantor Pedro Telles, nunca o oiço bem, parece cantar com a garganta, a sofrer tumultos e convulsões do Inferno, voz muito presa. Tenho ouvido dizer muito bem deste cantor, por isso só posso dizer que é má sorte a minha.

O cantor José Araújo, mesmo não sendo repertório, na minha simples opinião, para o seu registo/sua voz, esteve muito bem, vê-se que é alguém que percebe do assunto, com boa técnica, boa colocação, pouco exagero no vibrato, boa relação com a orquestra, boa postura de palco, um gentleman.
Manuela Teves - muito apagada, pouca postura em palco, colocação de voz limitada, mas boa relação com os colegas. Mas nota-se que trabalhou o repertório.

O problema maior foi a histérica cantora Elvira Ferreira. Francamente, todos aqueles vibratos de 3ª Maior, qual era a nota mesmo que queria cantar?
E que tal cantar mais baixo? E não andar a acelerar em relação ao andamento do coro e da orquestra? E não tentar abafar os outros cantores? Um pouco mais de simplicidade nos ataques agudos e graves e mais honestidade para com o que o compositor escreveu daria um melhor resultado musical.

O coro esteve bem integrado com a Orquestra, muitas vezes tinha que se haver com os dislates de alguns solistas. Mesmo tendo menos elementos masculinos que femininos, ouviam-se bem todos os registo. Fiquei surpreendido com alguns/as pianistas que cantaram muito bem (normalmente isso não acontece).

Foi um serão Musical bem conseguido, em que terá valido a pena sair de casa numa das noites mais frias deste Inverno, até ao momento.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Recordações de uma exposição

Tal como referido neste post, esteve a meu cargo a parte musical na inauguração da exposição.

Foi um sucesso de público, muito interessadas em estar presente neste acontecimento cultural, como é visível neste Blogue.

A Casa está bem dividida entre café e espaço para exposições, Design de bom gosto.



As borboletas embalssamadas, dentro de caixas especiais de coleccionador, são de uma beleza leve, ainda com alguma da sua cor natural.

A exposição está patente até dia 30 de Dezembro. Não se esqueça!!!

Um óptimo motivo para visitar esta bonita zona do Norte de Portugal!!!


Ficarão com uma pequena caixinha de postais com todas as fotografias das pinturas das Borboletas feitas pela minha Tia.

Retalhos de um Professor de Piano ( II )

É sempre muito enternecedor quando se consegue interagir e tornarmo-nos próximos dos nossos alunos, sempre com uma certa e devida distância entre professor e aluno.
Assim surgem as situações mais engraçadas, como aquela em que um aluno, não percebendo o que significava o termo Legato, soltou esta rima, inconscientemente:

Legato e normal
É diferente ou é igual?

Ou quando os olhos das crianças brilham quando, entrando na sala no tempo de intervalo, elas ouvem o Professor a estudar piano ( sim, os professores também são estudantes ) e querem saber tocar aquilo, "como é que se faz" é a pergunta que mais me agrada, porque abre um campo infinito de possibilidades artísticas novas.

Despertar a curiosidade para além das matérias obrigatórias é essencial para quem começa a aprender uma linguagem, uma nova forma de comunicar com quem nos rodeia.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Socialismo

Neither was the assertion of the socialistic character of the Party and the regime an imposture. It is self-evident that in a totalitarian state, where the government wields an absolute power, private property loses all its reality. A manufacturer whose factory can be confiscated at a moment's notice without compensation, who has to produce what he is told at a prescribed price, who has to invest his money in a definite manner, who has to make specific donations at certain intervals and has to deal with governmental trade unions, is an " owner " or a " master " not even on sufferance.
Liberty or Equality, E. Leddihn

Votação para a Música mais Triste do Mundo

Apelo, nos termos, direitos e deveres constitucionais que me assistem, neste Tempo de Antena, a votarem na minha "dama", a música que considero como a mais triste do Mundo.
Só têm que ir a este blog e, à vossa direita, darem o vosso voto para Música "Nuages Gris", S199, de Franz Liszt.

Só tem, caro leitor, até às 18horas do dia 19 de Dezembro!!! Seja rápido.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quem Semeia Tempestades...

Tiriricas não são uma consequência maléfica da democracia de massas: é apenas um vislumbre do seu natural rumo de acção.
Quem quer soberania popular e quer levar com burguesinhos bem educados não pede mais do que a sua dose diária de desapontamento.
De facto, entre o Tiririca e os Quartins da Causas Real há apenas uma diferença de nível de vocabulário - e milhares de euros gastos numa educação sobrevalorizada: ambos são igualmente incompatíveis com a qualidade necessária para reger um país ou fazer parte de um corpo legislativo.
A história da monarquia na Europa continuará repetitiva como crochet - enquanto o democratismo continuar a ser experimentado por mera confusão entre democracia e demofilia, só nos resta esperar que apareçam uns novos Integralistas de 40 em 40 anos para reavivar o que as crenças de uns matam.

Para quem tanto gosta de confederações luso-qualquer coisas, só ficava bem um Tiririca como Chanceler-mor.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ode à elevada sensação de Exílio


Corre, voa o paxariño
Levalle o meu corazón
Pendorado no biquiño
Dille que eu seu fillo son

Dille que eu quero volver
E de novo nas túas rías
Nalgun espello me ver
Quero outear as campiñas
Arrencender teus airiños
Antes que poida morrer

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Crítica discográfica

Convido todos os leitores interessados na boa música de estilo jazz portuguesa a ouvir com atenção o novo CD do "Mário Laginha Trio", "Mongrel", uma homenagem ao compositor romântico polaco (que viveu muitos anos em França) Frédéric Chopin, no ano do seu 200º aniversário - 1810/1849.
Interessante ponto de vista para defender o facto de usar uma música de um compositor que muito apreciava a improvisação.
Excelente escolha de peças, dos vários estilos, Nocturnos, Valsa, Prelúdio, etc, onde se percebe perfeitamente a melodia ou harmonia utilisadas. Excelente "diversão" entre o Contrabaixo, o Piano e a Bateria.
Penso que é um autêntico álbum, a ouvir do princípio ao fim.
Excelente prenda para o Natal.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Espaços culturais - Regularidade de programação ao alcance de todos

A ida ao Auditório de Espinho, fez-me pensar nos espaços que existem para a divulgação de trabalhos/apresentações das mais variadas artes. Comparando com o que havia há 15/20 anos, por exemplo, existe uma incomparável melhoria. Agora há mais e melhores sítios para actividades culturais.
Em 2009/2010, como aluno ERASMUS, terminei a Licenciatura em Piano na Academia Ferencz Liszt, em Budapest, Hungria (local que os pianistas acima referenciados também frequentaram). As diferenças foram enormes, principalmente na língua e na tradição do meio Musical que fui encontrar. O facto de a Academia estar a dois passos tanto do edifício da Ópera como de várias salas de espectáculo muito importantes do Teatro, da Broodway/Musicais das pequenas e grandes orquestras, das Salas de Exposições, dos Museus, com uma profusão de Cafés Centenários, de Cinemas e Bares pressupõe uma organização de uma parte enorme da cidade para os edifícios de Cultura e Entretenimento, facilitando o movimento e publicidade de todas as formas de Arte.
Aqui, em Portugal, já podemos notar esta organização a dar frutuosas provas de um investimento que se realizou, essencialmente, por parte do Poder Local. É disso exemplo o Concelho de Valongo e, mais propriamente, a cidade de Ermesinde. Basta ver a capa do número 862 do Jornal "A Voz de Ermesinde" para se constatar esse facto importantíssimo. A cultura é apresentada com cada vez mais regularidade. Isto acontece em Vila Real, Coimbra, Bragança, Guimarães (que será Capital Europeia da Cultura em 2012), Braga, Cernancelhe, Fundão, Castelo Branco, Serpa, Faro, só para citar algumas cidades, que a lista já vai longa.
É verdade que alguns locais foram perdendo força como motores de cultura eclética, como o Rivoli ou - em menor escala, por tradição já de si elitista - o Ateneu Comercial do Porto. Vemos, por outro lado, o Clube Literário com grande pujança no domínio da Música, a manutenção da programação no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, a renovação da programação do Conservatório de Música do Porto. Faltariam as bilbiotecas ou "casas de editores" como antigamente existiam, que funcionavam como lojas de venda de partituras ou de instrumentos que ofereciam concertos, à cidade do Porto, de vários géneros musicais.
Só assim se conseguem formar públicos (seja lá o que isso for) ou trazer o grande público aos espectáculos que não são de massas.
As redes sociais (antes eram os jornais, só mudou o meio, não o fim) possibilitam uma maior e melhor procura, divulgação/publicidade das acitividades culturais.

Assim sendo, não existe a necessidade de continuarmos a defender o preconceito de que "lá fora é que é bom" ou "que aqui nada se faz". Fica por terra o preconceito de sair da "província" para se poder ter acesso à Cultura.
Cada vez mais a Cultura vem até nós, estejamos onde estivermos.

Crítica de concerto (II)

Uma chamada.

Sim, uma chamada foi o suficiente para mudar a minha rotina.
Um amigo telefona-me e convida-me a assistir a um concerto de outros dois amigos comuns.
Em boa hora aceito, pois foi dos melhores concertos a que já assisti. Foi um concerto de 2 pianistas - Lígia Madeira e Luís Duarte - a 4 mãos num piano, de música francesa (Claude Debussy -“Petite Suite” e Maurice Ravel - “Ma mère l’oye"), juntando-se exibições de poemas Portugueses num ecrã, tal como de fotografias relativas à cidade do Porto. A pitoresca Ribeira, o calmo Cais de Gaia, a imponente e altiva Torre dos Clérigos, a multidão a passar na Rua de Santa Catarina, o frenesim de carros a circular à volta da Avenida dos Aliados, a Ponte de D. Luís I cheia de luz à noite, reflectida esta no Rio Douro, juntamente com a Lua...

A sala de Espectáculos (ou Equipamento Cultural, como agora se chama) foi o Auditório de Espinho, que conta com programação anual regular há já bastante tempo.

O concerto foi imenso, deslumbrante, revivi imensas memórias e passagens da minha vida, por exemplo, uma cadeira em Budapest, do ano passado, onde fui estudando a peça de Ravel transcrevendo, ao piano, a partitura orquestral. A (boa) música francesa sempre me despertou infinitos pensamentos. Talvez da minha vida passada na parte francesa da Suíça...

União perfeita de respirações, ataques, entradas, condução de frase, como se tocassem de olhos fechados. Faziam "jogadas" simples mas exactas de pedal. Ainda gostei mais quando trocaram de posição, passando o Luís para o registo agudo do piano. Tornou-se mais intenso, mais libertador.

Numa palavra, este concerto/experiência artística foi Belo.

A última vez que os tinha ouvido foi numa audição da classe do Professor Miguel Borges Coelho, há mais de ano e meio, em que também tocaram muito bem.
Estão de Parabéns.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A tecnologia ao serviço da diversão

Ora aqui está uma ideia surpreendente e original. Cada um usa a tecnologia ao seu gosto. Daqui a pouco vão passar a aparecer coros a cantar em público com iPad em vez de partituras em papel. Será mais prático, ecológico e mais um sem fim de aplicações poderão ser usadas em simultãneo.
Só há mesmo uma coisa para a qual o iPad não servirá.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Al Rey Felipe III

Escondida debajo de tu armada,
Gime la mar, la vela llama al viento,
Y a las Lunas del Turco el firmamento
Eclipse les promete en tu jornada.

Quiere en las venas del Inglés tu espada
Matar la sed al Español sediento,
Y en tus armas el Sol desde su asiento
Mira su lumbre en rayos aumentada.

Por ventura la Tierra de envidiosa
Contra ti arma ejércitos triunfantes,
En sus monstruos soberbios poderosa;

Que viendo armar de rayos fulminantes,
O Júpiter, tu diestra valerosa,
Pienso que han vuelto al mundo los Gigantes.

Francisco de Quevedo y Villegas

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O meu post sobre WikiLeaks

Depois de nos violar descaradamente as contas, os salários, os rendimentos, os movimentos, os hábitos, as tradições, os cultos, os apetites, as casas, os negócios e, em resumo, as vidas, o Estado que ordena que tudo lhe seja revelado não tem qualquer tipo de escrúpulos no que toca a exigir uma privacidade especial para os seus assuntos.

It's the democracy, stupid.

A Pensar noutras Formas de Vida

«Antão viu no vale de rochedos um homem de pequena estatura, com um nariz recurvado, chifres a saírem-lhe da testa, a parte inferior do corpo terminando em pés de bode. Ao vê-lo, Antão, como um bom soldado, agarrou o escudo da fé e o peitoral da esperança, mas este animal trouxe-lhe frutos da palmeira para comer na viagem, como penhoras de paz. Quando se deu conta disto, Antão parou e ao perguntar-lhe quem era, recebeu esta resposta dele: “Eu sou uma criatura mortal, um dos habitantes do deserto aos quais os pagãos, devido a vários erros, chamam faunos, sátiros, e espíritos malignos. Estou a agir como um enviado da minha tribo. Nós pedimos-lhe para orar por nós ao Senhor que nós temos em comum, pois sabemos que ele veio uma vez pela salvação do mundo, e a sua palavra ecoou pela terra inteira.»
«Nec mora, inter saxosam convallem haud grandem homunculum videt, aduncis naribus, fronte cornibus asperata, cuius extrema pars corporis in caprarum pedes desinebat. Ad hoc Antonius spectaculum, scutum fidei et loricam spei, ut bonus praeliator arripuit: nihilominus memoratum animal, palmarum fructus eidem ad viaticum, quasi pacis obsides, offerebat. Quo cognito, gradum pressit Antonius, et quisnam esset interrogans, hoc ab eo responsum accepit: «Mortalis ego sum, et unus ex accolis eremi, quos vario delusa errore Gentilitas, Faunos, Satyrosque, et Incubos vocans colit. Legatione fungor gregis mei.
Precamur ut pro nobis communem Dominum depreceris, quem in salutem mundi olim venisse cognouimus: et in universam terram exiitsonus eius.»
Hier. Vit. Paul. 8 (PL 23:23a–b)

in Cocanha

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A diferença entre o Renascentismo e o Barroco é tão literal como a diferença entre a vida e a morte.
No primeiro observámos a formosa serenidade de um Estóico, no outro a gloriosa vivacidade de um Louco.

domingo, 5 de dezembro de 2010

A Religião do Latéx

Statistics bear out the fact that the wide distribution of condoms as a prevention strategy does not succeed. It does not bring down the rate, and this is what the Holy Father said. He didn’t deny that a condom might be useful sometimes. What he denied was that the promotion of condoms, as a primary prevention strategy, does not succeed. It does not achieve its objective. It does not bring down the average rate of HIV in the population. But people got very agitated because they didn’t study and listen carefully to what he said and because they are not well informed and because there is a lot of ideology and emotion and interest behind this whole issue, and so there was a lot of controversy
in Zenit

In 2003, Norman Hearst and Sanny Chen of the University of California conducted a condom effectiveness study for the United Nations' AIDS program and found no evidence of condoms working as a primary HIV-prevention measure in Africa. UNAIDS quietly disowned the study. (The authors eventually managed to publish their findings in the quarterly Studies in Family Planning.) Since then, major articles in other peer-reviewed journals such as the Lancet, Science and BMJ have confirmed that condoms have not worked as a primary intervention in the population-wide epidemics of Africa. In a 2008 article in Science called "Reassessing HIV Prevention" 10 AIDS experts concluded that "consistent condom use has not reached a sufficiently high level, even after many years of widespread and often aggressive promotion, to produce a measurable slowing of new infections in the generalized epidemics of Sub-Saharan Africa."

in Washington Post

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Recordações de um Concerto ( II )

Que excelente concerto aquele que tive o privilégio de presenciar ontem à noite na Casa da Música. Tocou, a solo, o gentleman Senhor Pianista húngaro András Schiff, uma única peça, uma autêntica "Bíblia" para a música de tecla de todos os tempos, de 1741, com a duracção aproximada de 70 minutos.

Variações Goldberg, BWV 988, de Johann Sebastian Bach (título apócrifo, já que pelo autor foi designada como "Ária com diversas variações para cravo com dois teclados. Composição para os amadores para a recriação do seu espírito").

Interpretada sem intervalo, com 2 paragens entre secções, por forma a mostrar diferenças de carácter e estrutura e também para o descanso do artista (que conseguiu encontrar muitíssimo bem em que variações descansar, com outras a exibirem todo o seu fulgor) e dos ouvintes.

Só que logo na primeira paragem, mesmo mantendo as mãos sobre o teclado, quando está prestes a voltar ao "seu" mundo, eis que alguém se lembra (mas que raios foi aquilo) de bater palmas, só porque não havia som há mais de 20 segundos. Chiça, no programa dizia SEM INTERVALO. E outro bronco que se lembrou de gritar "SCHIUU, pouco barulho", com sotaque meio labrego. Ahhh que lástima.

Mas voltando ao que mais interessa, 2 pormaiores a reter:
I - Tudo foi tocado sem um único uso, mesmo que ao de leve, do pedal da direita (1), com um cuidado para Legato (2) absoluto e Harmonias tão bem entrelaçadas umas nas outras que só apetecia ficar ali horas a ouvi-lo. Tudo com uma clareza infinita, jogo/cruzamento de mãos parfait e, muitas e divertidíssimas vezes, uso de ornamentação (3) fora do vulgar, delirantes, virtuosas, cheias de charme e de sentido estético.
II - Há um momento que me ficou na memória de muita gente: O uso do Pedal da esquerda (4) numa das variações, em que faz toda a diferença, mudança radical para outro tipo de leveza, criando mais um vasto patamar rico de cores, significando isto outras dinâmicas (5), mais subtilezas e capacidade para mostrar outras vozes que de outra forma iríamos ouvir só como "recheio de harmonia" (6).

Fiquei encantado. Valeu mesmo muito a pena ter aguardado para ver este pianista ao vivo. Para quem queira repetir a dose ou descobrir esta "doce personagem" aqui fica uma parte de uma das suas interpretações desta peça.

Nota: Os elementos musicais seguidos de um número entre parêntesis irão ser abordados num próximo artigo.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pequeno retábulo da minha pessoa (Crónica II)

É deliciosa a eterna procura da inatingível leveza da eternidade omnipotente...


Mas, HÉLAS,

eis que,

De repente,

Ela se acerca,

Fugidia,

Irónica,

Maliciosa,

Pois se tudo o que há de bom e de mau na minha Pátria (a Língua Portuguesa) é feminino....


Na minha casa, na minha mente, a beleza surge como uma flor, esbelta, fugosa,....

A Mulher,

A Música,

A fraternidade,

A maldade,

A inveja,

A hipocrisia,


Ela irrompe, de novo,

"Como quem chama por mim,

Será chuva? Será gente?

Gente não é certamente

e a Chuva não bate assim..."

Mas eu vou vencê-la, de batalha em batalha,

Até à derrota final;

Com meta à vista,

Só o Grande Patrono das coisas da vida me poderá salvar

Tal como o Cavalheiro que salva a amada no último instante,

Das mãos vis e surreais da MORTE.

Ele assim se chama,

No meu idioma preferido:

o AMOR.

Dos que Servem

O Aristocrata pertence a uma classe, a uma raça, de servidores. Os seus privilégios, as suas garantias, vinham apenas da certeza de que cada homem-bom procurasse, acima de tudo, o bem do seu Rei e das instituições do seu Reino, das leis que o regiam e, acima de tudo, da Santa Igreja.
Não usa esta mesma a sua própria aristocracia, escolhida entre o seu seio, para a reger? Não foi Jesus Cristo, o Ungido, nascido no seio da nobre Casa de David, escolhida por Deus para reger os destinos de Israel? É esta a fonte do dever do aristocrata. Servir sem ser submisso. Obedecer sem ser servil. Obedecer cegamente sem nunca desguarnecer o coração. É esta a beleza do nosso ideal. E relativizar este ideal à mera pureza de sangue, como se já tentou, é o maior crime contra esta instituição. Diferentemente de muitos nobres e brazonados da Causa Legitimista, o chefe do estado-maior do nosso último rei legítimo, Dom Miguel I, e seu fiel amigo, era um plebeu, que nunca faltou à lealdade perante o seu legítimo soberano. O Nobre, acima de tudo, não serve dois senhores, muito menos essa hidra de mil cabeças que é a República Democrática Portuguesa. Entre os nobilitados não se encontram apenas gerações de duzentos anos, mas também homens que se revelaram por serviços à sua pátria, pela sua lealdade e pela bondade com que praticaram suas acções. Ludwig von Mises pertence a uma família de judeus nobres, que receberam essa graça pela mão do imperador da Áustria. Os Pessanhas serviram os primeiros reis, e eram plebeus de origem italiana. Necker, ministro de Luis XVI, era um cidadão genovês de origem escocesa. A destruição do ideal aristocrata deu-se a partir do momento em que a Aristocracia passou a ser sinónimo de progresso material.
Nada obriga o aristocrata a ser rico, nem a riqueza é um critério sagrado para a reverência social (de acordo com o Catolicismo). Antes, o descendente de um homem valoroso recebia, dependendo dos actos deste e do julgamento da Monarquia, a recompensa devida, a mais bondosa herança - a sua posição social, o sagrado símbolo da Família. Hoje, a única coisa que se herda dos pais é o vil metal, e uma palmada nas costas, ou pior, uma medalha. Pobres dos que não se entregam à redutora procura do dinheiro, pois ganham o Céu, mas deixam os filhos na miséria, e com a pergunta na boca - não teria valido mais a pena colocar de lado os meus princípios, e deixar aos meus filhos aquilo que os outros deixam aos seus, para seu conforto e felicidade?

O Homem Nobre é o Homem Bom, que ama os que sofrem e não participa dos festejos dos vencedores. A história da Igreja é uma história de derrotas - os Miguelistas, os Carlistas, o Sonderbund, os Habsburgos, a destruição do Catolicismo no Norte da Europa, etc.
No entanto, derrotados em vida, foram os vencedores, na mesma maneira d'Aquele que venceu na Morte. Antes como agora e sempre, a ressurreição da Igreja depende dos seus fiéis, dos que a servem e lhe são vassalos.

Sobre o 1º de Dezembro e o Circo Habitual das Reais Associações



A clan cameron piper in full 17th century battle dress plays the ultimate Jacobite lament Lochaber No More, a haunting tune from the 17th century. This is the original melody, known to very few pipers but often played on harp and flute. Lochaber was the area where Charles Edward Stuart, better known as Bonnie Prince Charlie, landed and gathered the first clans to fight for his cause, thus starting the Jacobite Rebellion which culminated in defeat on Culloden Moor in 1746. The title says it all. These are the mournful words of the song:

Farewell to Lochaber, farewell to my Jean,
Where heartsome wi' thee.. I ha'e mony days been;
For Lochaber no more, Lochaber no more,
We'll may be return to Lochaber no more.
These tears that I shed, they are a' for my dear,
And no for the dangers attending on weir,
Tho' borne on rough seas to a far distant shore,
Maybe to return to Lochaber no more.

Though hurricanes rise, though rise ev'ry wind,
No tempest can equal the storm in my mind;
Though loudest of thunders, on louder waves roar,
There's naething like leavin' my love on the shore.
To leave thee behind me, my heart is sair pain'd;
But by ease that's inglorious no fame can be gain'd;
And beauty and love's the reward of the brave;
And I maun deserve it before I can crave.

Then glory, my Jeanie, maun plead my excuse;
Since honour commands me, how can I refuse?
Without it, I ne'er can have merit for thee;
And losing thy favour, I'd better not be.
I gae then, my lass, to win honour and fame:
And if I should chance to come glorious hame,
I'll bring a heart to thee with love running o'er.
And then I'll leave thee and Lochaber no more.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Piano Monster



Eldar Djangirov, Vanilla Sky/ Exposition

Dos Estrangeiros

Sobre esta notícia, e o consequente fenómeno de crescente hostilidade ao estrangeiro que atravessa e Europa (especialmente a Suíça) e afecta especialmente a direita conservadora e, infelizmente, a tradicionalista, alguns dados analisados por mim que constituem a minha visão sobre este problema:

(publicado originalmente aqui)


1- Imigração e imigrantes não é o mesmo que Estrangeiros. As palavras não diferem somente na lexicologia, são de facto definições importantíssimas que merecem aprofundamento e compreensão.
A criminalidade criada e organizada por estrangeiros não é nem deve ser estudada conjuntamente com a criminalidade criada e organizada por imigrantes. Um correio de droga apanhado no Aeroporto da Portela não é um imigrante. (aconselha-se a visualização do gráfico da página 18 deste documento para concluir que não´há relação evidente entre imigração e criminalidade)
2- Dentro da actual população a habitar Portugal Continental e Ilhas, os portugueses, juntamente com os cabo-verdianos, seguidos de perto dos restantes representantes dos Países da CPLP, formam a nacionalidade com menor grau de instrução.
3- Mais de 70% da população imigrante é considerada activa. 20% está desempregada ou ainda não iniciou a sua vida profissional.
4- O sistema penal nacional tem-se revelado, se não excessivamente hostil à criminalidade estrangeira, pelo menos algo obssessivo na sua preocupação.
"De 1997 a 2003 a probabilidade de um estrangeiro quando perante o sistema judicial ser condenado a prisão efectiva pelo crime de tráfico de droga foi sempre superior à de um português em situação idêntica. Em 2003, 86 em cada 100 estrangeiros nestas circunstâncias foram condenados contra 65 em cada 100 portugueses(...)"
(...)

"Se analisarmos as saídas do sistema daqueles que estiveram sujeitos a prisão preventiva
verifica-se que:
1,8% dos portugueses são absolvidos enquanto os estrangeiros são-no em 4,2% e
10,7% dos portugueses são condenados com suspensão de execução de pena de prisão ou outra medida não privativa de liberdade e os estrangeiros são-no em 12,5%.
Quando nos fixamos nos reclusos condenados constatamos, tal como no estudo, que os reclusos estrangeiros, apesar das muitas semelhanças com os nacionais, se enquadram numa moldura penal mais pesada. Isto nota-se tanto pelo facto do peso relativo das penas curtas entre os estrangeiros ser estatisticamente irrelevante, como também porque os escalões de penas mais pesadas terem maior incidência nos naturais de outros países, verdade que é válida tanto para homens como para mulheres .
Assim, enquanto 5,9% dos homens portugueses está condenado a penas até 1 ano, só 1,4% dos estrangeiros aqui cabe, no que toca às mulheres, para 3,2% de nacionais neste espectro, não existe uma única estrangeira. Já no que toca ao escalão dos 6 aos 9 anos de condenação, o segundo mais importante (21,9% do total), os homens estrangeiros representam 26,4% contra 21 % dos portugueses, situação igualmente válida para as mulheres uma vez que para 35,2% de estrangeiras assim condenadas, temos 24,9 de portuguesas.
Todavia, a grande destrinça entre portugueses e estrangeiros dá-se ao nível da tipologia do crime e por via do inflacionamento que os relativos a estupefacientes têm entre os reclusos estrangeiros. Este tipo de crime, que assume 31,9% das condena. A criminalidade de estrangeiros em Portugal – Um inquérito científico (213) condenações, condenou 27% dos homens portugueses e 48,9% dos estrangeiros. Diferença que ainda aumenta entre as mulheres pois a 61,1% de nacionais correspondem 85,6% de estrangeiras (“correios de droga”, designadamente).
Esta sobrevalorização dos estrangeiros neste tipo de crime tem, como contraponto, a sua subvalorização nos crimes contra o património (32,9% do total) em que os homens nacionais correspondem a 36,4% e os estrangeiros 20,4% e nos crimes contra as pessoas (27,7% do total) com os homens portugueses a representarem 29,4% e os estrangeiros 22,4%."
Professor Paulo Pinto Albuquerque (FDUCL)

"O estudo apresenta duas conclusões fundamentais: 1. há uma sobrerepresentação objectiva significativa dos estrangeiros na justiça criminal portuguesa e 2. as características da composição da população estrangeira são relevantes para a desmistificação do valor e significado dessa sobrerepresentação, mas outros factores haverá a considerar, cuja importância relativa está por estabelecer."
Resumo:
O Imigrante é penalizado, em Portugal, com quase redobrada dureza do que o Português. Este estudo, muito completo na sua abordagem científica ao tema, prova também que há indícios de xenofobia crescente na comunidade portuguesa e que cada vez mais o medo do Imigrante é relacionado com a violência que, cada vez com maior excesso, é televisionada diariamente.
dos resultados deste estudo reparámos que:
1- A Hostilidade do Estado Português e da Justiça contra os imigrantes já existe, e não são alguns casos pontuais de menor rigor na aplicação da lei que contrariam essa tendência.
2- Que as comunidades estrangeiras em Portugal se têm mantido produtivas e têm dado sinais de integração social: se mais não têm feito deve-se ao facto de o Estado Português não sustentar tipo algum de cultura social, antes regendo-se pela pura tecnocracia a curto prazo e o democratismo ideológico.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Foi a monarquia liberal o corolário lógico do regalismo absolutista, fruto apodrecido dos desmandos do enciclopedismo. Depois, veio o que veio. Hoje, ao que parece, o mundo regressa à democracia e, por isso, soltam-se vivas. Não o entendo! A democracia representa a maior ameaça à restauração da ordem tradicional: a democracia é subversão, a democracia é poluição, a democracia mata aquilo em que toca.

Não estou descansado. Pressinto que outras convulsões, decerto não menos letais para a sociedade, se vêm preparando. Da democracia aos clássicos totalitarismos, a transição é apenas teórica: os totalitarismos são o desaguar de correntes democráticas, que deslizam nessa direcção configurando aquilo que poderia condensar-se na fórmula seguinte --- democrático, logo totalitário!

Tudo pela maioria! Tudo pelo partido! Tudo pelo estado! Que diferença faz? O critério de governo já não é o critério objectivo da bondade, mas sim o apetite, sem freio, da monarquia estadual, do partido único ou da arbitrariedade das massas. A esta heterodoxia, opõe-se a doutrina tradicional do poder político, que tira a sua legitimidade da realização do bem comum. Que as leis provenham de uma maioria ou de uma minoria, isso é secundário: o que importa é a bondade do seu conteúdo. E porque é isto que conta, também não está correcto dizer-se que as leis têm de ser consentidas pelos seus destinatários para que sejam legítimas.

As antigas cortes portuguesas eram simplesmente consultivas e reuniam-se quando o rei as convocava. Se lhes atribuímos força deliberativa e as tornamos independentes do monarca, introduzimos, no nosso ideário, um clássico vício liberal.O poder político, se é um poder soberano, será um poder supremo e exclusivo. Daqui resulta que não pode coexistir com outro poder do mesmo grau. O sistema de pesos e contrapesos é uma quimera porque o poder não se trava institucionalmente: se é poder, impõe-se e, se não se impõe, não é poder (5).

domingo, 28 de novembro de 2010

Convite a uma Exposição

Gostaria de convidar todos os leitores e amigos dos leitores para a seguinte Exposição no dia 30 de Novembro, a começar numa hora sui generis: 21h21; da minha querida Tia Carminda, excelente pintora, que já retratou figuras públicas importantes da nossa sociedade, como por exemplo o retrato do Professor Marcelo Rebelo de Sousa.

Música por mim tocada ao piano, relacionada com o tema das Borboletas...

Sejam Bem-vindos!!!!

sábado, 27 de novembro de 2010

Aos críticos da estratégia macroeconómica do Estado Português, podemos facilmente contrapor argumentos de ordem político/institucional.

Se de facto parece ser uma enorme falta de pensamento estratégico um país como o nosso abandonar o investimento em países produtores de matérias-primas (como são os países das Antigas Colónias) para preferir os países produtores de bens industriais, a instabilidade política e social que esses países atravessaram nas últimas 4 décadas é motivo mais que revelador para perceber a forma pouco arrojada como os empresários portugueses investiram neles.

A crise política portuguesa é herdeira directa da desagregação do Império, desde 1820. A partir dela assistimos ao fim de um espaço económico propício ao comércio português (só recuperado, em parte, pelo Estado Novo).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Recordações da Hungria

Ahhh que saudades de ter como refeição uma tigela de Goulash, a ferver, encaminhando-se, burbulante e feroz, com seu cheiro inigualável, em doses generosas.
A minha última refeição foi esta sopa, num final de Junho muitíssimo quente, mas com uma leve brisa ao entardecer, com nozes e um pão tão fofo e branco, que sempre que aparecia na mesa, enquanto eu estive em Budapest, surripiava para poder comer em casa de borla.

Isso e um Gyros, hummmmm, para almoço era suficiente, então depois das aulas de coro...,pfffff eternidades passadas a ouvir boa música mas horrível língua ;) Imaginem só, eu cantei esta peça com o mesmo maestro deste vídeo, que data de...1987 (gravado no Grande Auditório da Liszt Academy, onde terminei a minha Licenciatura em Piano), ainda com mais intensidade.

No interesse do próprio princípio monárquico, isto é, da sua perfeita aplicação, não deve ser por enquanto implantada a monarquia. O país não está ainda preparado para a monarquia, porque a Monarquia a implantar, devendo ser uma modernização do antigo regime português, é a tal ponto diferente de tudo quanto a mentalidade média, educada nas ideias liberais e democráticas, tem estado habituada a pensar, que a instituição de um sistema desses – supondo mesmo que ele já existisse composto e estudado – provocaria um sentimento de estranheza, breve dando em resultado a revolta, pelo aproveitamento dessa estranheza pelas forças liberais, apoiadas no estrangeiro moralmente, e aproveitando-se dos erros, poucos ou muitos, que fatalmente os contra-revolucionários, uma vez no poder, haveriam de praticar.
Depois a implantação da monarquia, quer fosse a monarquia constitucional, tão má quase como a república, quer a outra monarquia, dava como resultado imediato o reaparecimento na cena política das velhas clientelas corruptas e gastas, a cuja acção dissolvente a própria queda da monarquia se deve.
Finalmente, para um regime novo, são precisos homens novos. Para a Monarquia Nova, começa por faltar o Rei; faltam os governantes, porque as clientelas antigas assaltariam de novo o poder, corruptas como sempre e mais ainda pelo seu exílio do poder; e faltam finalmente os próprios governados (como acima já se explicou).
Dá-se também o caso de a implantação da monarquia, qualquer que fosse, servir de estímulo ao revolucionarismo republicano, e manter portanto sempre aceso o foco de desordem. É preciso ver também que a implantação da monarquia não representaria um acto evolutivo, mas um acto revolucionário, pois quebrava a continuidade social.
O que é preciso, pois, é estabelecer uma fórmula de transição que sirva de declive natural para a monarquia futura, mas esteja em certa continuidade com o regime actual. Essa fórmula de transição, já tentada instintivamente por Sidónio Pais, é a república presidencialista, que, por ser república, não perde continuidade com o actual regime, e por restabelecer o poder pessoal começa já a introduzir um dos princípios fundamentais do regime futuro e da tradição portuguesa. A tradição não se reata: reconstrói-se.


Fernando Pessoa in Da República.

d'O Reaccionário

Propostas de Blogues

De há 6/7 meses, desde que o encontrei, que vou lendo artigos bastante curiosos e interessantes neste Blogue, cujo nome é bastante sugestivo. Recomendo-o vivamente. Pena que passe por vezes por alturas sem novos artigos/posts para nos despertar mais a curiosidade.


http://obloguebemtemperado.blogspot.com/

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Crítica de concerto

Ontem, dia 23 de Novembro de 2010, pelas 19:30, na Sala 2 da Casa da Música, assisti a um Concerto do "Trio Impressões", composto (minuto 2.05) por Rui Ramos - flautista, Vera Santos - clarinetista e Bernardo Pinhal - pianista.

O programa foi composto, na primeira parte, de uma "Sonatine en trio", Opus* 85, de 1935, dividida em 4 andamentos, de Florent Schmitt; de uma "Aria" de Jacques Ibert, de 1930 e de uma "Tarantella" de Camille Saint-Saens, de 1857.
Na 2ª parte foi tocada uma transcrição de Michael Webster de uma peça orquestral de Claude Debussy "Prélude à l'aprés-midi d'un faune", de 1894 (da obra original) e da Estreia Oficial do "Trio para flauta, clarinete e piano", entre 2009/10 de um excelente compositor e já Professor na minha escola, Daniel Moreira.

Da primeira parte, ficou-me a reter que às vezes algumas passagens de alguns andamentos da primeira peça ficavam muito "apagados", com demasiados pianos súbitos ou demasiada bipolaridade entre motivos efémeros e a estrutura global das frases/dos andamentos. Mas ouvia-se bem toda a brincadeira entre os as passagens de um instrumento para o outro, demonstrando bastante cumplicidade entre eles.
O início da Aria é delicioso, o Bernardo começa já com o andamento perfeito, como se já estivesse a tocar há muito tempo, extremamente à vontade, com a Vera a entrar no timbre certo, com uma cadência muito própria e tocando de cor com o Rui. Foi a melhor interpretação desta peça que já lhes ouvi.
Já com a Tarantella, o pianista arrisca (e bem, porque pode) no ritmo e andamento eloquente e simples com as mesmas notas repetidas sempre de maneira diferente mas sempre claras e caprichosas. O flautista bem fica intimidado ao início mas logo entra na onda. Quando se enganava, o pianista pensava logo adiante, não ficando muito preocupado, embora algumas partes ficassem "meio escondidas" tal era a rapidez e a dificuldade das passagens. O final foi vivo e cheio de intenção de criar boa impressão na audiência.

Na segunda parte, não achei a interpretação da peça de Debussy muito conseguida, mas penso ter sido "culpa" da fraca transcrição, com pouca maleabilidade de proposta de timbres.

Já o Trio Português foi muito bom, tanto a estrutura da peça é equilibrada (parece clássica) como os momentos de maior êxtase/intensidade são bem geridos e delineados pelos vários instrumentistas, parecendo que foi criado mesmo à medida dos intérpretes.

Como encore, retocaram, ainda com mais vivacidade, o último andamento (se não me falha a memória) da 1ª peça da primeira parte.

Merecidamente aplaudidos pelas pessoas que encheram metade da lotação da sala, proporcionaram um excelente concerto. Estão todos a tocar muita bem, o pessoal da ESMAE também achou.

Vale sempre a pena ouvir este Trio.

*Opus significa obra, trabalho, designação assim usada na Música desde, que eu saiba, Ludwig van Beethoven.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Religião do Latéx

texto recuperado
Grassou entre nós, recentemente, um escárnio mesquinho que reavivou ódios antigos e discursos de moralidade esquerdófila. Toda a Ordem do Bem-Dizer e Pensar Fácil resolveu-se a guinchar alto e bom som após as declarações africanas do Papa da Igreja Católica.

Surgiram frases de tablóide flamejantes, gritando ao mundo sofredor a realidade cruel de um Homem que parecia defender uma Utopia tão insólita como perigosa.

Acima de tudo, o ateísmo militante e os eternos donos da Moral e Verdade soltaram os seus sonoros "É de rir!" e "Parece impossível!", ou até mesmo o famoso "Já nada me impressiona vindo destes tipos...", gorgolejando todas as frases em uníssono e em harmoniosa concordância.

O caso ficaria aqui, se tudo isto se tivesse passado num micro-cosmos tão redutor e acéfalo como o Portugal Intelectual. No entanto, os acontecimentos à escala global, como tudo o que se faz em matéria de globalização, accionaram os mecanismos da livre troca de ideias e surgiram, por entre a bruma ideológica deste mundo tão uniforme, Opiniões. Essas opiniões partiram de pessoas que realmente sabiam e sabem o que se passa em África, porque possuem o bem mais precioso que o situacionismo e a esquerdofilia não têm: a experiência, mãe de todas as coisas.

Assim provaram os homens de verdadeira sabedoria que a monogamia, a ideia protegida pela Igreja Cristã e pelo Papa (e não o celibato, a Igreja não pede dos crentes aquilo que só pede aos clérigos) é de facto uma prática social que as organizações humanitárias que trabalham no continente africano têm procurado disseminar, e cujo apoio religioso do Papa transforma numa realidade extensa. A posição da Igreja em África, ao invés de trazer o holocausto preconizado por alguns desmiolados, fará pelos povos de África algo que a inteligentsia e a nomenklatura intelectual ocidental nunca fizeram, farão, nem querem fazer.

É de facto aborrecido ter de aturar, de tempos a tempos, o levantamento ridículo que as classes comodistas, as verdadeiras comodistas, fazem. Não se lida com África da mesma maneira com que se lida com um doente, ou com uma obra de caridade. Lida-se com os africanos como se lida com os homens e mulheres responsáveis que eles são. Procuramos métodos racionais, discutimos políticas e encontramos soluções para os problemas.

Mais que provado está que preservativo não é o meio único para prevenir a SIDA, nem será tão eficaz como se quer comprovar, neste texto de um verdadeiro entendido na matéria, que disponibilizou o seu parecer no blogo Insurgente.

A propaganda trêfega da comunicação social, todo este desprezo votado a sectores da sociedade tão bons como qualquer outros, o discurso das elites intelectuais de um país tão burro como desmoralizado, fazem deste navio à deriva chamado Portugal um sítio difícil para viver, se se quer ler e ouvir com alguma imparcialidade e razão. Sejam os novos traços do país, que já duram há pelo menos dois séculos, seja quiçá um novo anti-clericalismo em gestação, ou simples idiotice, cada vez mais é dificil ficar cá, para ficar com estes portugueses. Imigrar será a solução, solução que este lodaçal sempre deu aos que melhor vontade têm de nele viver em paz, progresso e sossego.

Fontes:



Media Lies About the Pope

Further, applying the ridiculous (non-)logic of the media, if the Pope is saying that condom use by male prostitutes is acceptable, then by extension he is saying that male prostitution is acceptable. Why haven’t the media led with the story that the Pope approves of male prostitution?

That the media did not follow that route is revealing of their intentions. Saying the Pope approves of male prostitution is so obviously incorrect that they likely knew their readers wouldn’t buy it and would dismiss it immediately. But a lie about the condom-use aspect instead, while none the less illogical, has more believability for the great unwashed masses the brave enlightened journalists look down upon.

So we can deduce that the media are not just ignorantly spreading falsehoods, but that they are actively and intentionally lying. Pure and simply, they are liars. This bears repeating: they are liars. Remember this always. Remember these liars: they are never to be trusted, they are your enemies, they lie about the Church and they will lie about you given the opportunity.

But these liars too should remember something important: you reap what you sow. The more lies they tell, the fewer people believe them, and yet they only seem more willing to lie. Take a look at those newspapers sales and circulation figures, media men. Your days are numbered, your day of reckoning will come. Many are the good, decent folk who will applaud your downfall. And remember that you did it all to yourself.

domingo, 21 de novembro de 2010

Política em Stand-by

Então não é que, de acordo com o Suplemento CIDADES do jornal diário Público, Câmaras municipais acendem menos lâmapdas neste Natal?

É um exemplo do fim do festim a que já nos tinham habituado, com bizarrias como a maior árvore de Natal da Europa!!

Autarquias que entravam num desvario, transformando avenidas verdejantes em praças frias de pedra (como aconteceu na terra dos meus antepassados, Celorico de Basto), num sem fim de inaugurações, onde muitos tostões rolaram sem destino.

Agora, ficaremos "órfãos" dos cortes de fita vermelha e das jantaradas subsequentes.

Ahh, no meu tempo...

Da Preservação das Boas Coisas

lembrei-me desta música ao passear pela confederação monárquica do lupanar.


sábado, 20 de novembro de 2010

Correções dos leitores

Gostaria de corrigir uma informação falsa que dei no meu artigo anterior sobre o que estaria a ser construído nas traseiras da Casa da Música.

Afinal o que está a ser construído vai passar a ser a nova sede da EDP do Norte, vertente Energias Renováveis, de acordo com o leitor Tiago Cortez. Aqui fica o link para a notícia.

Aqui fica a ressalva de um fiel leitor. Quaisquer outras imprecisões bem contra-argumentadas serão de bom grado recebidas.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Política previsível

Então não é que o Herman José, nesse manancial de rábulas do melhor sobre o pior de Portugal chamado HERMAN ENCICLOPÉDIA, previu, tal como Professor Bambo (perdão) Marcelo Rebelo de Sousa, o regresso de Cavaco Silva à vida política?

O incrível é que o Alberto João Jardim ainda cá anda, com as mesmas macacadas e o PP continua com a mesma linha de produção do estereótipo de "menino betinho", agora versão radical, com cortes nos subsídios de Desemprego para todos.

Boa Mééelga.

Fumaça e Serenidade

A tirania é o governo de um só com vista ao interesse pessoal; a oligarquia é a busca do interesse dos ricos; a democracia visa o interesse dos pobres. Nenhum destes regimes visa o interesse da comunidade." (Aristóteles, Política, Livro III, 7).

Desde já, quero agradecer ao Miguel Castelo-Branco e ao Nuno Castelo-Branco a protidão com que responderam ao meu post. Como ando ocupado com coisas da faculdade, não tive tempo de responder prontamente com a ponderação necessária para esta discussão.

A leitura do texto de Miguel CB incidiu sobre a definição de uma política internacional, e a do Nuno CB sobre a legitimidade de governo de Dilma e foi mais específico que o Miguel no que toca às questões internas da República Federativa do Brasil (e também sobre política internacional, que irei responder) - se estiver errado nesta minha leitura dos factos propostos pelos dois argumentadores, que me sejam apontadas as falhas.

Para não tornar a leitura maçuda, faço uma esquematização por pontos:

Em Relação à Política Internacional: MCB afirma que não deve haver ideologias na política internaciona e nas relações externas. Não podia estar mais de acordo. No entanto, isto não implica que não deva existir uma Ideia, especialmente um Critério. Um Governo democrático para os próximos quatro anos poderá não o ser num futuro próximo de oito anos. Um governo democrático (como qualquer outro), apesar de ter legitimidade de origem, poderá não ter legitimidade de exercício no seu mandato. Não há qualquer tipo de propedêutica que bata a Lógica. Não é o facto de um Governo ser eleito democraticamente que faz dele aquilo que o Povo Basileiro precisa - a sua duração efectiva é de apenas 4 anos, não representando nem de perto uma diplomacia brasileira firme e a longo prazo, mas apenas o desvio ideológico que o trouxe ao poder. O mesmo principio que levaria a Casa Real a criticar certas posições radicais de um governo português, também o deverá fazer em relação a um governo igualmente radical em reformas de engenharia social que ainda por cima se escuda na imagem da Dinastia Brigantina para propagandear uma posição verdadeiramente sua contra o projecto monárquico do Brasil.

Em Relação aos Negócios Estrageiros: é o Foreign Office que trata das relações externas do Reino Unido, sendo a Rainha de Inglaterra parte desse "capital diplomático". No entanto, nunca o Foreign Office proporia à Rainha um tipo de reação mais afectuosa com Mugabe ou outro tiranete. Se a Monarquia Portuguesa quer insinuar-se na diplomacia de uma democracia de pobres (o mesmo princípio politico das revoluções que, um pouco pelo Mundo, destruiram a Antiga Ordem, e especialmente a Monarquia e a Religião) que esteja preparada então para todos coices que esse tipo de regimes dá. É uma má aposta, a meu ver. Tal como disse Miguel CB, a política internacional não se faz com ideologias. Mas tal como ele tantas vezes escreveu, há-de entender que se faz com Prudência. Sem Critério, não há relações externas.

O Brasil é uma nação completamente madura, não se inserindo no mesmo grupo de países da antiga África Portuguesa. Primeiro porque não têm uma situação jurídico-constitucional minimamente estável, depois porque são países que acumulam um tipo de necessidades absolutamente diferente das da diplomacia do governo brasileiro. O tipo de relação com o Brasil tem de ser, por tal, completamente diferente, visto se tratarem de tipos diferentes de Estado e de circunstância.

Em Relação ao Brasil: é neste ponto que nasce a discórdia entre a minha posição e a de MCB e NCB. É aqui que eu vejo o Conselho Real rodeado de esquerdistas e da mesma matéria de "democratas" que levaram à queda da Monarquia em tantas antigas nações, do género de democratas à la Esquerda Monárquica.

Mais uma vez reforço o argumento de que uma escolha democratica não é o melhor sinal para que um governo procure o Bem-Comum de uma sociedade. Pelo menos não é um sinal satisfatório para se ter isolado. A própria democracia brasileira não é a instituição mais saudável daquele país, fazendo do apoio de governos brasileiros um mau investimento a longo prazo.

Do ponto de vista político e económico, é errado conotar o crescimento económico do Brasil com o governo brasileiro de Lula da Silva. Sabemos que foi o sector empresarial que proporcionou esse crescimento, e as políticas sociais de Lula prejudicaram gravemente o sector da classe média brasileira. O aumento de ajudas destes programas provocaram uma enorme onda de desemprego nos estados do Nordeste e aumentaram a dependência de muitas famílias do apoio estatal. Assim, é mais racional assegurarmos que o Brasil cresceu apesar de Lula do que por causa de Lula. Assistimos também à decadencia dos sectores tradicionais, tanto os sociais, produtivos como religiosos, no Brasil: a Igreja católica brasileira, quando não é subserviente (como o deprimente espectáculo montado por muitos bispos brasileiros) é activamente perseguida pelos capangas do PT. As Massas são afectadas por milhares de seitas protestantes que acabam a apoiar também o ideário marxista do PT. As pequenas empresas brasileiras não estão a acompanhar o passo da 5ª economia do Mundo. Se a classe baixa brasileira foi comprada para votar PT, esse dinheiro teve de sair de algum lado. E saiu das forças vivas. Pensar que deste estado de coisas vai sair algo de bom é mero wishfull thinking, próprio de algumas forças políticas que dominam há séculos a nossa política internacional.

Por último, devo dizer que discordo da ideia de Miguel Castelo-Branco em relação a Dom Miguel. Ser aclamado pelo Povo em Cortes não faz dele um democrata. Se a democracia exige, sempre, tanto hoje como em Atenas, igualistarismo político e nivelação do voto de todos os participantes no pocesso electivo, Dom Miguel foi aclamado Rei pelo Acordo dos Municípios, da Nobreza e do Clero, e o valor da decisão política de cada um destes órgãos era diferente uma da outra . Se Dom Miguel era demófilo, isso já é outra coisa. Era um sujeito deveras popular, mas não era um democrata. Isto na minha humilde opinião.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

As condições para a produção de gerações de (bons) músicos - o caso Portuense

Infra-estruturas. Grandes obras ou pequenos investimentos? Educação, saúde ou vias de transporte? Centralidade ou de características mais municipais? Para já ou num futuro a médio-prazo?

Assim se resumem as hipóteses, de maneira simples, por onde vai o debate sobre aquilo em que o Estado ou empresas privadas poderiam ou deveriam investir os seus parcos recursos.
Se é verdade que em crise estamos (e já não é de agora), há possibilidades de rentabilizar projectos que, há primeira impressão pode não ser vitais ou dirigidos para uma certa franja da população e não para todo o seu conjunto, mas que iriam criar novos paradigmas de produção de riqueza para o país.

Serve isto para dizer que o facto de o Conservatório de Música do Porto não ter sido instalado nos terrenos das traseiras da Casa da Música (antiga central/remise dos eléctricos), na avenida da Boavista, mas sim num "anexo" da Escola Secundária Rodrigues de Freitas foi uma mera medida de conveniência, pois era muito mais fácil transformar esta parte do antigo liceu D. Manuel II do que criar de raiz um estabelecimento de ensino COMPLETAMENTE focalizado para a música e artes em geral.

Um exemplo flagrante da falta de espírito empreendedor, que se deveu à "promessa" de facilitar a aprendizagem de música ao maior número de alunos possível, através do ensino articulado e integrado, cujo resultado foi a diminuição do nível dos educandos e também o correspondente aumento do número de professores desmotivados, com tamanha enormidade de alunos que só iam estudar música "porque ficava ali ao lado".

A sua instalação contígua à Casa da Música, com a necessária conjugação de actividades entre essas "2 casas da música" - pois haveria, de certeza, espectáculos quase todos os dias, se o que os artistas querem é espaços funcionais ao seus dispôr para apresentarem o seu trabalho à cidade, aos cidadãos, como forma de agradecimento pelos encargos que a mesma suporta para a prossecução dos seus sonhos de vida (que pode ser a "mera" paciência infinita com que os vizinhos aturam os muitos barulhos que nós produzimos no nosso estudo diário), a sua criação nesse espaço ou nas traseiras da estação de Metro da Casa da Música - dizia eu - levaria à facilitação da criação de uma verdadeira base de criação artística, com as orquestras a usufruírem de um espaço ímpar na cidade, com excelentes condições para os músicos, com excelentes acessibilidades para todos, central todos os níveis.

Revitalizava um espaço da cidade, os seus espaços comerciais, de serviços, de restauração. Criaria mais emprego directo e indirecto do que a mera construção de um estabelecimento bancário (sede do B P N, ainda por cima de um banco "tão na berra" por estes dias e pelas piores razões), levaria a uma melhor renovação do seu corpo docente e não docente e outras mudanças internas (coisas que não aconteceram na devida proporção com as novas instalações, pois se foi feita a mudança contra a vontade da sua maior parte).

É isto que acontece nas grandes capitais culturais, com os melhores resultados. Criaria riqueza porque levaria à valorização dos artistas nacionais, um "bem / activo" exportável, que valoriza no estrangeiro, ou seja, no resto da "aldeia global", o nome de Portugal, cidade do Porto, tornando-os artistas internacionais.

Este tema, estando agora fora de questão a sua nova mudança, remete-nos para o caso da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, que está pelas costuras de tantos alunos e actividades, onde é muito difícil arranjar salas para estudar - com os devidos instrumentos e espaço para vários pianos ou orquestras, por exemplo - (para não ter que chatear muito os vizinhos) e onde até queriam pôr a funcionar uma parte de Dança, tal como existe em Lisboa.

A incursão neste debate acontece por diversas vezes entre os músicos, principalmente entre aqueles que estudam ou já estudaram fora do país ou que têm essa intenção e reflecte uma preocupação com o futuro desta classe trabalhadora e produtora de riqueza para o PIB (a única coisa que por ora preocupa os nossos governantes).

Nós sabemos que para produzir é necessário muita vontade e espírito empreendedor e não lamúrias. Peguemos no lema do novo disco de Pedro Abrunhosa e "Vamos fazer o que ainda não foi feito".

Fica aqui o meu desafio.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves